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As intenções expostas na apresentação do disco de estreia da banda paulistana Aláfia (YB Music) é das melhores: unir as referências afro brasileiras de batucada numa black music cheia de suingue. Além disso, a foto de uma pipoca na capa exprime o desejo do combo musical de também soar popular. Com todo o respeito, a capa é bem feia e simplista, e não transparece de imediato essa mensagem. Semióticas à parte, o Aláfia surgiu em São Paulo em 2011, formado pelas vozes de Xenia França e Jairo Pereira (voz), além de Eduardo Brechó (programações, violão e vocais), Pipo Pegoraro (cordas), Lucas Cirillo (gaita), Alysson Bruno (percussão), Gabriel Catanzaro (baixo) e Filipe Gomes (bateria).

Em disco, essa busca ancestral da negritude brasileira se perde numa miríade de boas ideias, pouco aproveitadas. O disco tem algo da raggamufin, afrobeat, reggae, rap, hip-hop, funk, dance e sambarock. É muita coisa para apenas 10 faixas (autorais). A produção de Eduardo Brechó e Pipo Pegoraro tenta organizar isso tudo, mas o resultado é um disco bagunçado, que atira para todos os lados sem, de fato, acertar nenhum. Existe ainda uma série de clichês que parecem obrigatórios em discos que abordam a cultura negra: favela, baile e violência, além do onipresente rap incidental. Em defesa do Aláfia posso dizer que eles são bons no groove e têm suingue. É bem provável que façam shows cheios de balanço e animação. Só falta agora saber levar isso tudo pro disco.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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