> Em 2013, foi lançado o filme Música É para Isso: Uma História dos Mulheres Negras, de Bel Bechara e Sandro Serpa. O documentário resgata imagens históricas e depoimentos inéditos que ajudam a esmiuçar o som plural da banda. O filme foi vencedor da competição nacional, definida por júri popular, do festival In-Edit Brasil, dedicado exclusivamente aos documentários de música.
Quem é quem:
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=DXaY59MGB0I[/youtube]André Abujamra – antes de qualquer coisa, é filho do ator e diretor Antônio Abujamra. Como ator, André participou de filmes como Durval Discos e Castelo Rá-Tim-Bum, e do remake da novela Saramandaia. Também fez trilhas sonoras para cinema e TV. Como músico, é líder do combo multiétnico Karnak.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ukkTj5DruTQ[/youtube]Maurício Pereira – Cantor, compositor e saxofonista com sete discos gravados – dois com o Mulheres e cinco solo. Entre os trabalhos solo, está Canções que um dia você já assobiou, com versões cheias de personalidade para hits de Taiguara a Guilherme Arantes. Como carnavalesco, também é responsável pelo baile Carnaval Turbilhão.
Abaixo, os Mulheres Negras trocam perguntas entre si:
De Maurício Pereira para André Abujamra
Maurício – Como é que você tem fôlego pra criar tantos trabalhos diferentes (musicais ou não) ao mesmo tempo?
André – Eu descobri faz tempo que o que me deixa vivo e feliz é criar o tempo todo. Eu, sem fazer nada, fico deprimido. Então, tenho que inventar sempre alguma coisa artística pra sobreviver. Depois que inventaram a internet e as passagens de avião mais baratas tudo ficou mais simples em relação ao tempo.
Maurício – O que mudou e o que não mudou no jeito de fazer o Mulheres, comparado com 30 anos atrás?
André – Mudou a angústia que era na hora de ter que decidir alguma coisa. Hoje, nosso ego está mais controlado e tenho prazer em discutir para o bem da banda. O que não mudou é o tesão e a química de tocar com o Pereira.
De André Abujamra para Maurício Pereira
André – Como é ter uma banda de quase 30 anos?
Maurício – Com 30 anos de estrada o palco é um lugar onde eu me sinto em paz.
Tocar com o André depois desse tempo todo é experimentar uma irmandade maluca, parece que a gente é parte duma outra entidade, as mãos de alguém. Me dá muita alegria, tipo aquela alegria gigante e tonta que a gente só tem quando faz coisas muito simples. Difícil da banda de 30 anos é saber se a gente tá atual ou se tá novo, se a inquietude da gente tá em dia.
André – Você pretende de verdade ser maquinista de trem?
Maurício – Agora, acho que to meio velho pra isso. E essa história de ser músico me viciou. Acho que não tem mais jeito. Esse é um trem que eu perdi. Atualmente meu sonho (quase) impossível é me tornar caipira, ficar olhando o trem passar mil vezes, prum lado e pro outro, sem pensar em nada. Só sair pra fazer xixi ou comer alguma coisa. Ou pra fazer um show.