730_os-mulheres-negras-foto> Em 2013, foi lançado o filme Música É para Isso: Uma História dos Mulheres Negras, de Bel Bechara e Sandro Serpa. O documentário resgata imagens históricas e depoimentos inéditos que ajudam a esmiuçar o som plural da banda. O filme foi vencedor da competição nacional, definida por júri popular, do festival In-Edit Brasil, dedicado exclusivamente aos documentários de música.

Quem é quem:

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André Abujamra – antes de qualquer coisa, é filho do ator e diretor Antônio Abujamra. Como ator, André participou de filmes como Durval Discos e Castelo Rá-Tim-Bum, e do remake da novela Saramandaia. Também fez trilhas sonoras para cinema e TV. Como músico, é líder do combo multiétnico Karnak.

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Maurício Pereira – Cantor, compositor e saxofonista com sete discos gravados – dois com o Mulheres e cinco solo. Entre os trabalhos solo, está Canções que um dia você já assobiou, com versões cheias de personalidade para hits de Taiguara a Guilherme Arantes. Como carnavalesco, também é responsável pelo baile Carnaval Turbilhão.

Abaixo, os Mulheres Negras trocam perguntas entre si:

De Maurício Pereira para André Abujamra

Maurício – Como é que você tem fôlego pra criar tantos trabalhos diferentes (musicais ou não) ao mesmo tempo?

André – Eu descobri faz tempo que o que me deixa vivo e feliz é criar o tempo todo. Eu, sem fazer nada, fico deprimido. Então, tenho que inventar sempre alguma coisa artística pra sobreviver. Depois que inventaram a internet e as passagens de avião mais baratas tudo ficou mais simples em relação ao tempo.

Maurício – O que mudou e o que não mudou no jeito de fazer o Mulheres, comparado com 30 anos atrás?

André – Mudou a angústia que era na hora de ter que decidir alguma coisa. Hoje, nosso ego está mais controlado e tenho prazer em discutir para o bem da banda. O que não mudou é o tesão e a química de tocar com o Pereira.

De André Abujamra para Maurício Pereira

André – Como é ter uma banda de quase 30 anos?

Maurício – Com 30 anos de estrada o palco é um lugar onde eu me sinto em paz.
Tocar com o André depois desse tempo todo é experimentar uma irmandade maluca, parece que a gente é parte duma outra entidade, as mãos de alguém. Me dá muita alegria, tipo aquela alegria gigante e tonta que a gente só tem quando faz coisas muito simples. Difícil da banda de 30 anos é saber se a gente tá atual ou se tá novo, se a inquietude da gente tá em dia.

André – Você pretende de verdade ser maquinista de trem?

Maurício – Agora, acho que to meio velho pra isso. E essa história de ser músico me viciou. Acho que não tem mais jeito. Esse é um trem que eu perdi. Atualmente meu sonho (quase) impossível é me tornar caipira, ficar olhando o trem passar mil vezes, prum lado e pro outro, sem pensar em nada. Só sair pra fazer xixi ou comer alguma coisa. Ou pra fazer um show.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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