A constatação chegou de uma hora para a outra e, há três anos, eles resolveram essa questão lançando Almamúsica, pela Biscoito Fino, gravadora de Olívia. A ideia do projeto foi reunir canções variadas que ajudassem a costurar esse tempo que eles têm juntos se encontrando à beira do piano para fazer música. Nessa trilha, eles passeiam pelas parcerias, pela vida a dois, pelos filhos e pelos netos. O disco se desdobrou no DVD e numa turnê que já andou pela Alemanha, Finlândia, Noruega, China e várias cidades brasileiras. A vez de Fortaleza chegou agora, neste fim de semana, na Caixa Cultural.
Na vida e na arte, as histórias de Francis e Olívia estão tão ligadas que até o título do projeto tinha que vir grudado. “Sou uma grande fã dele. Acho o Francis um compositor impressionante e tenho muita admiração pela pessoa dele. E não tenho menor pudor de dizer isso”, confessa a cantora, que não sabe informar exatamente por que demoraram tanto para dividir um disco. “Tudo começou com esse prazer enorme de sentar no piano e fazer o que é o roteiro musical de nossa vida”, explica, adiantando que Almamúsica não traz as músicas mais bonitas ou importantes do casal. Mas que, ainda assim, o repertório ajuda a construir uma história. “Elas representam tudo que vivemos”.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=TL0zMirf1as[/youtube]Como um recital íntimo, onde conversam através das canções, Almamúsica traz apenas Francis Hime no piano e Olívia com sua voz firme e afinada. No roteiro, vão canções como Smile, de Charles Chaplin, John Turner e Geoffrey Parsons, uma das preferidas do pai da cantora, o publicitário Cícero Leuenroth. Na sequência, ela sugeriu Paciência, de Lenine e Dudu Falcão, por achar que uma completa a outra. A abertura com Valsa de Eurídice tem um forte simbolismo, por se tratar da primeira canção que Francis, aos 16 anos, tocou ao piano para Vinicius de Moraes. Separado em suítes (blocos de canções unidas por tema), o repertório está aberto a mudanças, de acordo com o desejo da dupla.
Se a ideia de suíte é muito ligada ao mundo da música erudita, para Francis Hime, ela dá muito certo na música popular. “Gosto de trabalhar nessa fronteira (erudito/popular), pegar uma canção popular e dar um tratamento mais elaborado. E gosto muito de canções cantáveis, assobiáveis”, diz o músico, que é parceiro de Chico Buarque em sambas antológicos e compõe peças para orquestra e harpa. “Essas coisas se misturam, principalmente no Brasil, onde você tem esses elementos todos. É muito estimulante e reflete também a musicalidade do povo brasileiro”, analisa.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=sCpaax2z92I[/youtube]Entre as muitas coisas que faz em música, Francis Hime tem preferido compor, mas não perde uma chance de tocar ao vivo (coisa que antes o apavorava). E sob as luzes do palco, durante a turnê de Almamúsica, ele tem lembrado das pessoas com quem dividiu seus 50 anos de carreira. “Tem um trecho do show onde eu falo de amigos, parceiros, compositores contemporâneos. Penso muitos nos músicos e de estar ali cantando o que eles gostariam de estar cantando. É uma alegria você passar na rua e ter uma pessoa cantando ou assoviando uma música sua”, revela.
Serviço:
Olivia & Francis Hime em Almamúsica
Quando: quinta-feira (10) a sábado (12), às 20h; domingo (13), às 19h
Onde: CAIXA Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 20 e R$ 10. À venda no local
Outras informações: 3453.2770