116721133SZNa cola do sucesso na segunda edição do programa The Voice, estão chegando às lojas os discos da competição: um coletivo, com duetos registrados no programa, e os individuais de Lucy Alves, Dom Paulinho Lima e do vencedor Sam Alves. Mais do que solidificar qualquer carreira, a participação em uma competição na TV vale mais pela exposição do que pelo primeiro prêmio. No caso do The Voice, isso fica registrado pelo festival de equívocos registrados nesses discos.

capa-do-disco-de-estreia-de-sam-alves-1396015201035_620x615Nem preciso me alongar em pequenas polêmicas quanto à escolhas das canções por cada intérprete ou à veracidade duvidosa das votações. O fato é que, desde a seleção de competidores até a grande final, tudo é guiado pela lógica de um mercado defasado. A imagem vale mais que talento ou preparo para se desafiar na carreira. O reflexo disso está mais completa falta de proposta ou originalidade artística de cada disco.

Começando pelo coletivo, chega a ser vergonhosa a forma com que são tratadas canções como Resposta ao tempo, Blues da piedade ou Eleanor Rigby. Embora todos conheçam a técnica para emissão de voz, falta aquela emoção particular, aquele tempero que um cantor precisa ter (mais até do que a técnica). Ninguém é mau cantor, mas ninguém faz bonito, preferindo copiar um modo americano de fazer música. É um pastiche de soul music que busca impressionar pela força dos pulmões.

cdlucyalvescapaalbumQuando se parte para os trabalhos individuais, o tratamento sem tempero é o mesmo. E ainda há o agravante da tentativa de copiar a trajetória de outros artistas. Com Sam Alves, a ideia é fazê-lo um ídolo teen pop como tantos outros. Lucy Alves vira uma nova Elba Ramalho, embora não tenha a marra da paraibana. Já Dom Paulinho, o que se sai um pouco melhor, só faz bisar canções famosas do soul e do jazz. E, na verdade, se sai melhor por que o repertório é de altíssima qualidade. Ainda assim, apesar do vozeirão, ele acrescenta muito pouco aos originais.

Mesmo entregues nas mãos de profissionais como Torquato Mariano, Paul Ralphes e Marcelo Sussekind, são trabalhos frouxos e sem originalidade. As vendas vão se restringir ao calor do programa, ao público que assistiu e se empolgou com a produção. Em seguida, serão esquecidos, a menos que resolvam escolher o único caminho pelo qual se consegue fazer sucesso em qualquer área profissional. O do árduo trabalho.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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