Enquanto estouravam os fogos e as tampas de cerveja abertas para a Copa do Mundo, eu estava aproveitando minhas férias em Buenos Aires. Não, não fui torcer pelos hermanos. No entanto, não pude deixar de curtir as belezas de uma cidade que tem calçadas para se andar. Agora que passaram as alegrias (e tristezas) do futebol e meu merecido descanso, volto com gosto de gás a falar sobre música aqui no Discografia. E como nem só de Cláudia Leitte e Pittbull foram feitos os dias de junho, venho aqui tirar o atraso de alguns discos que chegaram até mim e merecem registro. Alguns deles vão merecer mais que um rápido registro, o que virá logo mais.

1. Maria Bethânia – Meus quintais (Biscoito Fino)

7898539572043Neste 52º disco, a diva baiana faz uma viagem à casa da mãe, falecida em 2012. Dona Canô surge numa foto e no espírito manso do disco. Sem arroubos, velocidade ou alegrias expansivas, Meus quintais é íntimo como comer goiaba no quintal de casa. Não se trata de um destaque na discografia da cantora e, até certo ponto, tem cara de mais do mesmo. Mas, o mesmo de Bethânia é sempre de grande qualidade.

2. Não Zumbi – Nação Zumbi (Slap)

nação-zumbi-2014Depois de dar um susto no público com a notícia de “férias por tempo indeterminado” (modo elegante das bandas dizerem que estão chegando ao fim), a nação recifense volta às boas com um excelente disco inédito. São 11 faixas que mostram a força do quinteto em seu melhor momento. Da curativa Cicatriz à empolgante Foi de amor, Nação Zumbi, o disco, deve ser apontado como um dos melhores do ano. E, como se não bastasse, Marisa Monte empresta seus agudos na chapada e surreal A melhor hora da praia.

3. Skank – Velocia (Sony)

skank_vDestaque da cena “poproqueira” da década de 1990, os mineiros sempre guardaram boas surpresas na manga e nunca deixaram a qualidade cair em seus discos. Esse nono trabalho de estúdio é um pouco mais que um novo capítulo e traz a banda em seu melhor momento desde Cosmotron (2003). O disco traz um experimentalismo mínimo e muito radiofonismo bem feito. Alexia, Multidão, Do mesmo jeito e Esquecimento são só alguns destaques. E o que não é destaque também é muito bom.

4. Mombojó – Alexandre (Slap)

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A despeito da capa e do encarte mais confuso do que aula de logaritmo, Alexandre é um disco de sutilezas intrigantes e belezas escondidas que crescerá nas repetidas audições. Quinto trabalho de uma carreira de 13 anos, o álbum traz participações de Laetitia Sadier (Stereolab) em Summer long, com cara de pós-punk inglês, e Céu, no soul psicodélico Diz o leão. Hortelã é uma tocante baladinha feita ao violão, que cai como um alienígena, tamanha simplicidade.

5. Rogê – Baile do Brenguelé (Warner)

20140621094056586413uParceiro de Seu Jorge, Serginho Meriti, Gabriel Moura e outros novos artistas que fazem um “sambarock chapa branca”, Rogê é mais conhecido na voz dos seus intérpretes do que na própria. Neste primeiro disco ao vivo (e quinto de carreira), ele faz música para o corpo, para dançar. Arlindo Cruz, Wilson das Neves e Meriti se juntam a ele no salão, mas acrescentam pouco ou nada. A produção de Kassin troca a espontaneidade pela organização. Deve empolgar os fãs, mas não deve aumentar o coro. (P.S.: Sinto muito, mas não encontrei a capa do disco do Rogê pra postar por aqui. Logo que conseguir, ela vem)

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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