ceumar silencia

Depois de quatro anos sem lançar discos, a cantora e compositora mineira lança Silencia. O trabalho, impressionante, foi elaborado em parceria com violoncelista francês Vincent Ségal

A simplicidade complexa que habita os silêncios pode nos mostrar respostas que o barulho esconde. Ceumar desnuda com serenidade essas reticências em seu novo disco, o Silencia (Circus), lançado no início deste segundo semestre de 2014. O CD veio depois de um hiato que durou quatro anos, tempo que corresponde, mais ou menos, ao período em que ela está morando em Amsterdã, na Holanda. Enquanto se ajustava pela Europa, Ceumar fazia shows e afinava as ideias para um futuro trabalho. E valeu a pena esperar. O disco é um “encontro de amigos”, como define a cantora, ao lembrar os músicos que a acompanham no novo trabalho, como Webster Santos, Ari Colares, Swami Júnior, Zezinho Pitoco, Olívio Filho, Ivan Vilela e Ricardo Mosca.

As composições também são assinadas por velhos parceiros: Vitor Ramil, Gildes Bezerra, Déa Trancoso, Sérgio Pererê e outros. “Eu já tinha músicas feitas há um certo tempo e outras que eu gostava de cantar em casa, mesmo, como o caso do Vitor”, conta, em entrevista feita por telefone enquanto estava em Belo Horizonte para apresentar o novo trabalho. “Queria formatar o que seria na minha cabeça esse disco, mesmo sem saber bem como eu queria”, emenda.

O projeto surgiu da parceria com o violoncelista francês Vincent Ségal, que, mesmo morando fora do País, já trabalhou com o pernambucano Naná Vasconcelos e conhece bem as cores da música brasileira. Outro encontro é o da cantora com o músico paulista Kiko Dinucci. Ele aparece como uma nova parceira assinando a música “Engasga gato”, ao lado de Fernando Ramos Torres. O resultado desses (re)encontros é a vontade de casa de campo e rede na varanda, em um trabalho todo leve, sempre entoado pelas cordas de Ségal, como baixo acústico, bandolim, viola caipira e cello. Zezinho Pitoco também consegue, com seu clarinete, tatear a musicalidade que os silêncios têm.

O sexto disco de Ceumar vem depois de 14 anos desde o primeiro álbum gravado, o Dindinha, trabalho lançado na época em que ela se tornou mãe. “Foi um trabalho de delicadeza, marcado por ter muitas mulheres nas músicas. É um disco muito maternal. Com o tempo, fui ganhando uma maturidade mais humana, o que é natural, já que se passaram 14, 15 anos”, pontua.

A serenidade da cantora, todavia, parece não ter mudado ao longo desse tempo e ela está, generosamente, expressa no Silencia.

Saiba mais

Ceumar é mineira e vive na Holanda há cinco anos. A cantora tem se apresentado em turnês e projetos internacionais ao lado do pianista jazzista Mike del Ferro. Como compositora, escreveu também para a peça teatral do ator Gero Camilo, Canções de Invento, que traz referências a violeiros do nordeste como Xangai e Vital Farias. Atualmente, a cantora está no Brasil em turnê do
seu novo disco.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles