foto Kenton Thatcher - 10000x10000-922edc010b90e8d88f30c05a4dfe50e1bPassados seis anos do primeiro encontro, muita coisa aconteceu para Marcelo Camelo e Mallu Magalhães. Depois de registrarem um dueto na estreia solo do ex-Los Hermanos, eles assumiram o namoro, sofreram a patrulha de quem se incomodou com a diferença de idade do casal (ele tinha 30 anos e ela 16), deram as costas para as críticas e se mudaram de mala e cuia para Lisboa. Um ano depois de se fixarem na terra de Cabral, a dupla apresenta seu primeiro filho, que atende pelo nome de Banda do Mar.

O projeto assinado pelo maior nome do pop brasileiro revelado no fim dos anos 1990 ao lado da musa “fofolk” do fim da década seguinte abre um novo caminho para a carreira de ambos. Contando ainda com o baterista lusitano Fred Ferreira (Orelha Negra, Buraka Sound System), a Banda do Mar começou a ser gestada ao mesmo tempo que Camelo e Mallu se adaptavam ao velho continente, arrumando a casa nova e escolhendo móveis.

“Muito disso tem a ver com o Fred, uma pessoa da nossa família. Essa viagem foi muito para ficar perto dele e a banda surgiu como uma continuação natural desse movimento”, explica Marcelo Camelo por telefone. Segundo o compositor carioca, depois de 10 anos na banda escolhida como porta-voz da geração de roqueiros sentimentais e mais seis anos solo, ele queria mudar o rumo da conversa. “A ideia era tentar fazer uma coisa diferente do que vinha fazendo. Queria algo mais simples, mais direto”.

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O som da Banda do Mar é ensolarada e, em momentos como a jovemguardiana Muitos chocolates, convida o ouvinte para dançar. Para Mallu coube as canções mais animadinhas, caso de Mais ninguém, cujo clipe traz o trio improvisando passinhos desajeitados ao lado de Fezinho Patatyy, criador do “passinho romano”. Mesmo que o disco não apresente parcerias do casal, Camelo defende que eles estão cada vez mais afinados na vida e no trabalho. “Já dividimos muita coisa. Mas a presença um do outro é muito forte nas canções. Você reconhece o outro em cada faixa”, pondera.

Autor de sete faixas, o Marcelo Camelo da Banda do Mar busca se afastar dos experimentalismos cabeçudos de Sou/Nós (2008) ou das paisagens grandiosas de Toque dela (2011). “Eu sempre funciono muito pela oposição e fico tentando fazer alguma coisa diferente do que fiz anteriormente. Nesse trabalho, eu estava tentando, principalmente, resolver os arranjos com menos instrumentos”, comenta o músico que vê esses movimentos como um processo em construção. “Me surpreendo com a quantidade de pessoas que conhece minha carreira solo e acaba descobrindo que eu era vocalista do Los Hermanos. Quem cobra a volta da banda hoje é o fã trintão. Mas, esses trabalhos são a soma dos esforços de um grupo de pessoas e está tudo interligado”.

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E o próximo passo dessa história é a turnê que começa em Porto Alegre no dia 10 de outubro. Camelo adianta que a intenção é viajar o máximo possível ao longo de um ano. O fato do grupo morar em Portugal exige uma organização maior de datas, mas eles estão dispostos a encarar muitas horas de voos e salas de embarque. “Gosto de pensar que a geografia influencia o trabalho. Nosso trabalho é por natureza itinerante”, devaneia.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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