Denilson, que agora assina como Dhenni Santos, foi arranjador e violonista de Luhli e dividiu diversos trabalhos com a cantora. Agora, em 2014, ele se entrega de vez à obra da colega com o disco Pedra de rio, lançado pela Mills Records. São 20 faixas que traçam uma trajetória completa de Luhli e Lucina, dos anos 70 até jovem parceria com Zélia Duncan, e ainda aponta para a frente com algumas composições inéditas. Isso acaba se tornando um problema ao longo de esticados 72 minutos. Melhor se tivesse optado por uma seleção mais curta e peneirada.
As imagens que ilustram Pedra de rio evocam, inevitavelmente, a personalidade irrequieta de Ney Matogrosso. Andrógino e performático nas fotos, Dhenni soa menos impactante no microfone. Com voz grave e solenemente afinada, ele segura as canções numa região de segurança. O acompanhamento instrumental se sai melhor, misturando elementos acústicos, elétricos e eletrônicos para montar um emaranhado de sambas, cirandas, rocks e outros estilos.
Para um cantor desconhecido do grande público, abordar a obra de uma dupla cujo reconhecimento depende da atenção às fichas-técnicas (cada vez mais raras em tempos de download) é um ato de coragem e audácia. Luhli e Lucina, inclusive, avalizam o projeto e participam em duas faixas. Um resgate merecido que este Pedra rio promove para duas artistas que tanto fizeram pela nossa música.