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É curioso como costumo marcar momentos e pessoas com canções. Adoro músicas com nomes de pessoas pra dar sentido a um ou outro. E assim foi que, desde a semana passada, uma canção do Sérgio Sampaio não me sai da cabeça. Pobre, meu pai vem-me martelando o juízo desde a sexta-feira 16, quando vi meu pai falecer aos 70 anos. A frase “não ligue que a morte é certa” tornou-se mais pungente do que deveria.

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Mas esse não é um texto de tristeza, lágrimas e nem mesmo homenagem ao homem que me pôs no mundo. É um exemplo de como as canções ganham novos significados quando se associam, mesmo involuntariamente, a certos fatos. Foi assim também com Se eu pudesse conversar com Deus, uma daquelas bem passionais do repertório de Antônio Marcos. Se esta já me acompanha em momentos melancólicos, imagine como ficou depois da ida do papai. A propósito, meu pai era tão fã do Antônio Marcos que costumavam ser confundidos pela semelhança física. Uma vez o próprio compositor de Como vai você reconheceu a admiração do fã cearense ao ver que tratava-se de um sósia.

É claro que o assunto da perda vem me rondando nos últimos dias, mas vale lembrar outras boas lembranças que a música pode trazer. Minha vó, por exemplo, uma católica fervorosa, abria espaço no seu credo para admirar a beleza da voz de Clara Nunes.

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Já minha mãe foi quem me apresentou àquela que foi e é, sem dúvidas, a maior voz brasileira: Elis Regina. No ambiente caseiro e maternal, também conheci o maravilhoso Bazar brasileiro, de Moraes Moreira. Ouvindo um lado após o outro, decorei cada acorde deste que é um dos melhore álbuns do novo baiano. Mas nada tão emocionante como ouvir hoje Meninos do Brasil. Que blues!!

A lembrança dolorosa do fim de um namoro foi marcada pelo sempre necessário Roberto Carlos e sua Eu preciso voltar no tempo. O tempo não voltou, o que era esperado, mas o relacionamento sim e virou casamento.

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Há até a lembrança do que não aconteceu. Sabe aquela música que faz você sentir saudade do que nunca aconteceu? Pois, para mim, um bom exemplo é o Última forma, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, que já ganhou belíssimas interpretações de Emílio Santiago e MPB-4. Trata-se de uma das formas mais poéticas de dar fim a um caso amoroso. Chega ser covardia, mas não abre espaço para discussão.

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Essas e muitas outras canções contam um pouco do que ouvi ao longo dos meus 35 anos. Em cada uma delas, uma história, uma pessoa, uma saudade ou seja o que for mais. Certamente, como bem mostrou o sensível Eduardo Coutinho no cortante filme As canções, todo mundo tem sua trilha sonora particular. Pois faço deste post uma homenagem às pessoas que me fizeram ouvir música, em especial meu pai, e convido quem quiser a colocarem suas histórias musicas nos comentários. Aguardo vocês.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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