unnamedNada de Galinha Pintadinha, Peppa ou Patati & Patatá. A VI Feira do Livro Infantil de Fortaleza vai encerrar hoje (30) ao som de rock. Quem anuncia é Ana Cañas, cantora e compositora paulistana convidada para a programação que, desde a última quarta-feira (27), tem promovido rodas de conversa e recitais poéticos no coração da Capital. No show gratuito, a paulistana apresenta o repertório de Coração inevitável, trabalho ao vivo lançado em 2013 que mistura repertório autoral com versões de Nando Reis, Cazuza e Angela RoRô.

A própria Ana Cañas se surpreendeu com o convite. “Ou o contratante não sabe (como é o trabalho) ou ele não liga”, brinca a cantora, que se prepara para adaptar a performance ao ambiente. “Vou dar uma controlada. Na verdade, o show meio que se metamorfoseia de acordo com o lugar. Se é sentado ou em pé, se é dia ou noite, são shows diferentes. Pode ficar mais rock’n roll ou mais de teatro. Vou sacar o lugar”, explica por telefone.

Baseado no repertório de Volta (2012), Coração inevitável é o primeiro trabalho ao vivo de Ana Cañas. Na sequencia de uma série de problemas pessoais, o trabalho apostava na mistura de estilos para encontrar o melhor caminho. Da melancolia cortante de Chico Buarque (Retrato em branco e preto) ao balanço pesado do Led Zeppelin (Rock and roll), o trabalho gravado no Teatro Geo, São Paulo, em maio de 2013, é cheio de teatralidade e entrega. Muito dessa presença quente em cena se deve à direção de Ney Matogrosso.

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Avaliando os dois anos de turnê com seu Coração inevitável, Ana Cañas aponta que foi um período de aprendizado e descobertas. “Como era muito eclético, ajudou a apontar caminhos mais certeiros”, destaca a cantora de 34 anos que, em três discos, pode experimentar muitas linguagens. A carta de recomendação Amor e caos (2007) foi puxada para a MPB e fez algum sucesso com a releitura de Coração vagabundo (Caetano Veloso). Dois anos depois, ela tentou encontrar um caminho mais roqueiro com Hein?, produzido pelo ex-mutante Liminha. Depois de testar vários caminhos em Volta, o rock vem ganhando mais espaço desde Coração inevitável.

“A vibe mais rock’n’roll, isso se constatou pra mim e para o público, tinha que aflorar de vez”, explica Cañas, que, junto com essa constatação, se viu diante de uma série de dúvidas. Em primeiro lugar, que rock ela queria fazer? Que referências? Para que público? “O mercado está muito pequeno pro rock. Diante disso, eu tinha que pensar como inserir o meu rock”, comenta anunciando que as respostas começaram a surgir junto com o novo trabalho, ainda sem nome (“estou na semana do nome”), que será apresentado ainda neste semestre.

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Já pronto, o sucessor de Coração inevitável conta com o gigante Lúcio Maia (Nação Zumbi) na produção e na banda que vai para a estrada. Totalmente autoral, o álbum traz parcerias de Ana com Arnaldo Antunes, Pedro Luis e outros. “Tive uma sensação de que esse seria um disco definitivo. O anterior ainda seria uma coisa de avaliação. Esse é de quem eu sou. Eu tinha a questão de ser uma pessoa que atira pra todo lado e não acerta em nada. Senti muito esse peso nas costas. Qual é o som da Ana? Ah, não sei”, questiona a cantora, chamando todo esse processo de “hecatombe” e “epopeia”. O resultado de tantas buscas está prestes a ser conhecido.

Serviço
Quando: sábado (30), às 18h
Onde: Praça do Ferreira (Centro)
Aberto ao público
Outras informações: 8526.120

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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