image002Um dos shows mais aguardados da temporada, a homenagem da Nívea a Tim Maia passou na tarde deste domingo (31) por Fortaleza. Como já foi mais do que comentado e polemizado, o tributo foi dividido por Ivete Sangalo e Criolo, que mesclaram momentos solo com duetos pouco ensaiados. A direção geral é de Monique Gardenberg, mas a parte musical foi inteligentemente entregue a mestre Daniel Ganjaman.

Antes de qualquer coisa, vale dizer: o show é ótimo. Sim, é um tributo de uma grande marca de cosméticos, feito para espaços abertos e sem nenhuma intenção de ser para os fãs de Criolo mais do que para o de Ivete. Também é verdade que é preciso abstrair algumas fanfarronices – como o encerramento da breguíssima Um dia de domingo com os dois protagonistas abraçadinhos no palco, enquanto a marca Nívea aparece pela primeira vez no telão.

Levando em conta o caráter populista de um show dessa natureza, o projeto Nívea Viva Tim Maia é sim um grande espetáculo de sons e imagens. Ivete, em estado de graça, bota sua ótima voz a serviço de um repertório inteligente, grooveado e desafiador. Num repértório que mistura obviedades obrigatórias e algumas boas surpresas (Lábios de mel e Bom senso, principalmente) ela dá conta do recado com sobras. Criolo, mais contido, até parece um peixe fora do aquário e fica devendo para a plateia.

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É bem verdade que 80% (se não 90% ou 95%) dessa mesma plateia foi lá para ver o furacão baiano jorrar suingue e simpatia através do microfone. E é isso que Ivete faz, apesar de economizar nos pulos e nas brincadeiras. Embora ela pudesse se soltar mais, dá pra entender que ela preferiu se concentrar na voz. E, seja nas baladas arrasadoras ou nos blacks angulosos do síndico, a diva do axé mostra que tem boa voz.

Criolo, que também tem boa voz, parece ter saído de casa só pra atrair os descolados para o projeto. Sua participação não passa de figuração até mais da metade do show, quando boa parte do público já está no bolso de Ivete. Nos momentos em que fazem dueto, a voz do paulistano não passa de mera lembrança. Até o produtor e tecladista Ganjaman bota a garganta para trabalhar, mais do que o homem do Nó na orelha. É bem verdade que, quando começa a acertar, com Eu amo você e Coroné Antônio Bento, o encanto é imediato. Mas, em mais de duas horas de show, parece pouco.

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Na banda pesada montada para o espetáculo, quem merece todas as palmas é o multi-homem Duani, aqui de guitarra em punho. No momento que lembra a fase racional de Tim, o músico não mede talento e deixa claro por que é um dos nomes mais requisitados da cena atual. As projeções do show também são belíssimas, deixando tudo mais bonito. Outro ponto que merece destaque é a opção de iniciar o show à tarde. Programado para as 16h30, começou às 16h50, quando o sol ainda está inspirado no céu. E, à medida, que a noite ia chegando, tudo ia ficando mais bonito.

O fato é que ainda faltam quatro shows na turnê Viva Tim Maia. Enquanto isso, Ivete e Criolo já estão finalizando a gravação em estúdio do projeto. O mesmo fez Vanessa da Mata, convidada pela Nívea para homenagear Tom Jobim. Mais uma vez, quem está ao lado da baiana e do paulistano – que fez questão de repetir que é filho de cearenses – no disco previsto para julho é Mr. Ganjaman. Entre as 12 faixas selecionadas, Sossego, Do Leme ao Pontal e Você e eu, eu e você. Pois que venha o disco.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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