George-EzraMeio pop, meio rock, meio folk, meio dance, o som de George Ezra pode fisgar os mais variados ouvintes. Lançado em junho do ano passado, o disco de estreia do britânico só chegou agora ao Brasil, mas ainda preservou algum frescor. Wanted on voyage (Sony Music) traz 16 faixas que mais parecem uma coleção de singles, tamanha a acessibilidade dos sons. Como cantor, ele se parece com muita gente que toca nas rádios por aí: é aquela emoção bem treinada de um registro rouco e másculo. Como compositor, o jovem de 22 anos aponta para algo que anda em falta nos dias de hoje: a sonoridade de instrumentos de verdade. Bateria, percussão, vocais, guitarra, baixo e violões, tudo soa com o calor que nenhuma máquina é capaz de simular.

É fato que isso não é suficiente para fazer de Wanted on voyage um disco, realmente, bom. Como eu disse, tudo é acessível. Não existe nenhum batente que se coloque na frente do ouvinte. Tudo é palatável ao extremo. A que se afasta dessa regra é Did you hear the rain?, que começa como uma evocação gospel até entrar a banda (já com quase dois minutos de música) para azeitar o clima já estabelecido. Também merece destaque o clima “B52’s” de Stand by your gun, que parece ter sido esquecida em algum ponto da primeira metade dos anos 1980. Para encerrar, o disco vem com a mais que comum Da Vinci riot police e com a Blind man in Amsterdam, que tenta parecer uma sobra do Woodstock, mas lembra mais uma continuação do que faz a Mallu Magalhães.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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