Capa CD Vital Lima - O que não tem fim_frontalHá exatos 10 anos, a gravadora Biscoito Fino colocou nas lojas um dos seus trabalhos mais importantes. O box Timoneiro era uma homenagem aos 70 anos do compositor e militante da cultura nacional Hermínio Bello de Carvalho, e trazia uma seleção valiosa de obras feitas em seu nome. Nesse apanhado, estava o álbum Pastores da Noite, de 1978, feito exclusivamente de parcerias do carioca com o compositor Vital Lima. Pronto, foi assim que conheci a voz aveludada e as composições cheias de lirismo desse paraense.

Agora, em 2015, quando Hermínio completa 80 anos, Vital completa 60 de vida e 40 de música. As efemérides não renderam um novo trabalho em dupla, mas estão sendo resumidas no álbum O que não tem fim. Lançado pela Mills Records, o disco marca o retorno de Vital Lima aos discos, 10 anos depois de Das coisas simples da vida. Tanta espera, para quem conhece o trabalho deste compositor, será bem aproveitada com uma seleção de 15 belas canções feitas de melodias assobiáveis e letras que fogem do óbvio. Como se não bastasse, ele também é um intérprete cheio de profundidade, desses que falam para seu público sem afetações.

Produzido por Vital junto com o guitarrista e arranjador Fernando Carvalho, O que não tem fim é feito com muitos violões à frente, além de sopros, percussões e teclados bem pensados. Os arranjos de Fernando priorizam as letras que falam de amor de muitas formas. O grande destaque do repertório é Pedras de lioz, que conta com a voz macia de Leila Pinheiro. O encontro dos conterrâneos é cheio de leveza e produz uma dessas canções que dá vontade de apertar o repeat. O mesmo pode ser dito de Lua de fel, que traz os agudos de Patricia Bastos. Outro convidado é o parceiro Nilson Chaves, que divide os vocais da canção título. Além deles, Arthur Nogueira, Leticia Carvalho e Ninah Jo também marcam presença.

Cheio de boas ideias melódicas, achados poéticos e interpretações sedutoras, O que não tem fim é um trabalho ideal para quem gosta daquela MPB simples e direta. Nada de exibicionismos ou complicações. É botar para tocar, seguir a vida e cantar junto.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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