Depois de samba, bossa nova e soul music, chegou à vez do rock ganhar os palcos do País com o projeto Nivea Viva Rock – que nesta edição reuni no mesmo palco Nando Reis, Paula Toller, Paralamas do Sucesso e Marjorie Estiano.
O roteiro musical inclui hits do fim dos anos 1950, com Banho de Lua, que homenageia Celly Campello (falecida em 2003). Rita Lee, é saudada em sua fase como Mutante, em canções como Ando Meio Desligado e Panis et Circenses, interpretadas por Paula Toller. Raul Seixas é lembrado por Nando Reis, encarregado de cantar Gita. A apresentação ainda inclui dueto de Nando com Herbert Vianna interpretando Marvin, sucesso dos Titãs. “Adorei o convite. É sempre divertido tocar com amigos. E dividir o palco com os Paralamas é sempre um prazer”, afirma Nando.
A banda é composta por João Barone (Paralamas), Dado Villa-Lobos (Legião Urbana), Maurício Barros (Barão Vermelho), Milton Guedes e Rodrigo Suricato. No bloco dedicado a década de 1990, Dado Villa-Lobos assume o microfone para cantar Anna Julia, de Marcelo Camelo. O show tem direção musical de Liminha.
Embora circule por quase toda a história do rock nacional, o espetáculo enfatiza os anos 80, onde surgiram os Paralamas, Nando Reis (Titãs) e Paula Toller (Kid Abelha). “O projeto é uma ótima chance para expor um pouco mais da nossa força. Temos certeza de que a maioria deste repertório pega no emocional de todos na plateia e posso garantir que no palco também rola esse sentimento”, declarou João Barone, baterista dos Paralamas.
Convidada para participar da edição após o afastamento da cantora Pitty, Marjorie Estiano é a voz mais nova em cima do palco. “É uma oportunidade de intercâmbio, de energia única e valiosa pra todos, onde quem está buscando caminhos e quem procura caminhos novos se encontram”, afirmou. Pitty foi afastada da turnê por ordens médicas, durante a gravidez do primeiro filho.
Essa é a quinta edição do evento que já teve shows dedicados a Elis, feito por Maria Rita; Tom Jobim, interpretado por Vanessa da Mata; e ao samba, feito por Roberta Sá, Diogo Nogueira, Alcione e Martinho da Vila. No ano passado, a homenagem dedicada a Tim Maia foi feita por Ivete Sangalo e Criolo.
Confira a entrevista feita pelo DISCOGRAFIA com alguns participantes do projeto:
Discografia: João Baroni, O Rock nacional comemora 60 anos e Os Paralamas tem uma grande representatividade nesse cenário. Como vocês avaliam isso?
Baroni: Nas várias fases do rock no Brasil, os anos 80 tiveram um papel destacado naquele momento onde acabou a censura. Havia enfim total liberdade de expressão e deixamos nossa marca. O Paralamas teve a oportunidade de mostra para o que veio. Abrimos portas.
Discografia: E como vocês avaliam o lugar do Rock hoje?
Baroni: Depois de um período onde foi colocado na berlinda, explorado comercialmente e “esquecido” pela grande mídia, atualmente o rock permanece no lugar onde sempre esteve, esperando seu público fiel nos festivais, shows e consumindo sua produção de forma direta. Se é melhor ou pior que antes, é uma questão filosófica. Atualmente, continuar tocando, compondo e fazendo shows se tornou um privilégio, um visto renovado. E esse projeto veio como uma ótima chance para expor um pouco mais da força do rock brasileiro. Temos certeza de que a maioria deste repertório pega no emocional de todos que estiverem no show e posso garantir que no palco também rola esse sentimento.
Discografia: Marjorie, você é “caçula” da turma em cima do palco. Como tá sendo essa experiência?
Marjorie: É uma felicidade enorme estar nesse palco ao lado de artistas que fazem parte da minha formação cultural. São artistas que estabeleceram brilhantemente a sua marca na música brasileira e que continuam produzindo, ou seja, é uma oportunidade de intercâmbio de energia única e valiosa pra todos, onde quem está buscando os seus caminhos e quem procura caminhos novos se encontram. Tenho fascínio por essa troca e me sinto imensamente privilegiada por ser uma pecinha nesse organismo.
Discografia: E você se considera uma cantora de rock?
Marjorie: Vejo a influência dos mais diversos timbres, gêneros e escolas como uma constante no universo contemporâneo. Ficou muito mais difícil categorizar estilos hoje em dia, um dos efeitos da globalização. Acho que os rótulos têm a função de tentar localizar, setorizar…porém acredito que, ou cada setor vai precisar acolher inúmeras variações, ou precisaremos de novos rótulos. Sim, me considero. Não, não me considero. Talvez me considere.