LU XXX ANOS 2 crédito Fernando SchlaepferPor Larissa Viegas (larissaviegas@opovo.com.br)

A Legião Urbana está de volta! Mas, calma! É por uma breve temporada. Em turnê desde setembro de 2015, a banda conta hoje com Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e convidados. A ideia do projeto é relembrar e comemorar os 30 anos do lançamento do primeiro álbum, que traz o mesmo nome da banda. Os vocais de Renato Russo (falecido em 1996) são assumidos pelo ator e cantor André Frateschi.

A banda, formada também por Lucas Vasconcellos (Letuce) na segunda guitarra, no baixo Mauro Berman (Cabeza de Panda e Marcelo D2) e nos teclados Roberto Pollo (Cirque du Soleil), também conta com convidados especiais por onde passa. Aqui em Fortaleza vai ter Fernando Catatau e Jonnata Doll (Jonnata Doll & Os Garotos Solventes).

A gente conversou com exclusividade com o Dado e o Bonfá. As entrevistas ficaram tão bacanas que dividimos em duas partes. Confira agora o bate-papo com o guitarrista!

Discografia – Parte da Legião retorna aos palcos. Como é estar de volta aos palcos, carregando o nome da banda?
Dado Villa-Lobos – É o show da Legião, Legião 30 anos. Sou eu e o Bonfá. É uma experiência de 20 anos após a partida do Renato [Russo]. A gente tem mais confiança do que está acontecendo no palco, com a nossa relação, com o nosso repertório, com as pessoas. Mesmo 30 anos depois, esse ciclo se repete. Naquela época a gente tava saindo de uma ditadura, ia ter Tancredo, mas quem assumiu foi Sarney. E hoje a gente vive momentos semelhantes, conturbados, estranhos. Mas as músicas continuam fazendo um grande sentido, é um tema universal. É um grande barato, um grande sonho estar ali de volta. E a gente vai tocando essas músicas que eu vejo de uma forma meio necessária, tanto para deixar claro quem nós fomos e quem nós somos, quanto para não cair no esquecimento, o que o Brasil adora fazer. A gente tá aqui para relembrar. Relembrar, celebrar, festejar.

Discografia – Como se deu o convite para o André, que assume os vocais?
Villa-lobos – O André é um grande artista, um grande cantor que tem um envolvimento com a gente há 30 anos, antes mesmo da gente lançar o primeiro disco. E era uma criança de 10, 11 anos de idade e tava lá, nos nossos camarins. A fazia os shows junto com a peça Feliz Ano Velho, do Marcelo Paiva, e sua mãe Denise Del Vecchio atuava. Aí eu o reencontrei dois anos atrás no projeto Banco do Brasil Covers que a gente até tocou junto em Fortaleza. Um ano depois eu tava ligando pra ele, fazendo o convite. É aquela coisa mágica do tempo, da cumplicidade. E é isso, ele é um grande cara, um grande artista.

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Discografia – Quando você olha para trás e pensa nesses 30 anos do primeiro álbum da Legião, o que lhe vem à cabeça?
Villa-Lobos – Me vem à cabeça que éramos tão jovens, né? Tinha um pouco de transgressor também. A gente criou a nossa individualidade, a nossa personalidade, dentro do espectro do rock brasileiro. Isso é o que me faz lembrar. Acreditar no que você está fazendo, no que você faz, no que as pessoas têm consideração. Tem as memórias da juventude. Estivemos recentemente em Brasília e vem tudo de novo.

Discografia – Que avaliação você faz hoje desse primeiro disco?
Villa-Lobos – Eu acho que é um grande disco. É claro que, sonoramente, ele ta ali, trinta anos atrás. Ele tem uma personalidade muito forte em termos de som, de arranjo. É um disco emblemático pra mim, tem tudo, fala de canções de amor, tem melancolia e as divisões sociais que a gente vive na cidade.

Discografia – A banda faz parte da vida de várias gerações. Com é olhar para o público e ver famílias na plateia, ao invés de rodas punk? Ou tem os dois?
Villa-Lobos – Tem ainda um pouquinho dos dois (risos). É incrivel, tem muitas crianças, muitos pais, jovens, ‘coroas’ que estão ali. E é incrível como o repertório até hoje consegue transformar as pessoas, como eu fui transformado diante de grandes ídolos do rock. E isso é um sonho realizado, quando você monta uma banda de rock, você acredita que vai transformar o mundo, transformar as pessoas pela sua música, né? E isso, até hoje, é mágico.

Discografia – Vocês eram muito jovens, enérgicos quando a banda começou. Como é estar no palco, hoje, mais maduro e pai de família?
Villa-lobos – É incrível, acho que a energia é a mesma, continua. O show é eletrizante e é um show de rock mesmo. As músicas são tocadas com a maior intensidade e a vontade de espírito. Agora eu tenho uma percepção maior do que é aquele espaço do palco, o que ele representa, como lidar com as pessoas, entender mais o público, então eu me sinto mais confortável e tenho mais controle. É a Legião tocando as suas canções e o conteúdo que está ali é o conteúdo de nossas vidas enquanto banda, que a gente produziu ao longo desses anos. Esse é o conteúdo, forte, que faz com que as pessoas dancem, se empolguem, se emocionem. São grandes canções de amor e de cunho político.

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Discografia – O Jonnata Doll, da banda Jonnata Doll & os Garotos Solventes, participa do show de vocês, dentre outros grandes artistas. Como tem sido esse encontro com uma nova geração do rock nacional?
Villa-lobos – O Jonnata é incrível, é um artista que se entrega, interpreta do jeito dele e ele tem um discurso, uma oratória e uma presença de palco excelentes, que têm tudo a ver. A ideia é trazer essa rapaziada. Tem a Marina Franco também, do Rio. É trazer a garotada para dentro do universo da Legião para não ficar aquela coisa muito datada. Eles trazem o frescor do rock.

Discografia – Para vocês, qual é a obra-prima da Legião?
Villa-lobos – É muito difícil. Cada álbum, cada canção, está ali naquele espaço de tempo, tem o seu lugar naquele momento. Pra mim é difícil, é como pedir pra escolher o filho favorito. Filho é filho, é claro que eu tenho umas favoritas, tem Tempo Perdido, Daniel na Cova dos Leões, Eu Sei, Angra dos Reis, Faroeste Caboclo, Pais e Filhos, Se fiquei Esperando meu Amor Passar

Discografia – Recentemente, uma pesquisa do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) mostrou que o rock vem perdendo espaço entre o público para estilos popularescos como o sertanejo universitário. Tendo vindo de uma época em que o rock dominava as rádios, o que vocês acham que aconteceu de lá para cá?
Villa-lobos – Naquela época o rock não dominava as rádios, no top 100 tinha Legião, Paralamas, Titãs, e tinha também uma variedade de artistas, mas é claro que o rock tava ali na lista. Eu acho que hoje tornou-se esse rumo porque para os grandes veículos de massa, o que importa mesmo não é a musica, é o fenômeno, o artista, a pessoa. E isso não é um privilégio do Brasil, é algo universal. O que falta aqui é o circuito de meio termo, para artistas tanto de rock, quanto eletrônico, hip hop etc. A partir do momento que você tem um circuito alternativo, tem alguém por nós. Mas o popular é sempre o popular. Agora, é incomparável pegar a música brasileira dos anos 70 e as músicas de hoje, em termos de conteúdo.

Discografia – Em alguns shows vocês estão acompanhados por uma equipe de filmagem. Seria a produção de um documentário? O que o público pode esperar deste material?
Villa-lobos – A nossa ideia é fazer um documentário. A gente começou a fazer e retomou agora. É entrevistar, pegar as pessoas, o público, as histórias que eles têm em relação à banda. E documentar a gente nos dias de folga. Na Paraíba, por exemplo, fomos para a Praia do Coqueirinho e a gente passou o dia jogando futebol, bebendo cerveja, pegando jacaré… São coisas assim.

Discografia – O que o público pode esperar do show de Fortaleza?
Villa-lobos – Um show de rock. É a Legião Urbana, com grandes músicos no palco, que reproduzem o nosso som, com alta fidelidade. Então vai ter Jonnata, Marina e um outro grande cara daí de Fortaleza, que é o Fernando Catatau, que é incrível.

Serviço:
Legião Urbana XXX Anos em Fortaleza
Quando: 11 de junho
Onde: Centro de Eventos no Ceará
Hora: 21 horas
Valores: R$ 160 (arena – inteira); R$ 220 (frontstage – inteira) e R$ 260 (camarote – inteira)
Vendas online:
Pontos de vendas: Lojas DLT (Shopping Iguatemi, North Shopping Fortaleza e North Shopping Joquei); Lojas Ferrovia (North Shopping Fortaleza, Shopping Via Sul e North Shopping Parangaba); Single Idiomas (Shopping Villa Mango Open Mall – Avenida Silas Munguba, 3530) e online
Telefone: 3230 1917

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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