Foto: Éden Barbosa

Foto: Éden Barbosa

De Elis Regina a Seu Jorge, o número de pessoas que já deu voz às canções de Baden Powell e seus parceiros é infindável. Reconhecido como um dos maiores instrumentistas do mundo, o violonista de Varre-Sai, Rio de Janeiro, também já foi homenageado por muitos músicos. É essa porção instrumental que ganha evidência em quatro noites na Caixa Cultural Fortaleza. De hoje até domingo, 4, Marcel Powell apresenta na Capital o show Só Baden, novo projeto onde se debruça por inteiro sobre a obra do pai.

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Victor Biglione é um dos convidados da turnê Só Baden

Só Baden é também o nome do disco do músico franco-brasileiro que saiu da fábrica há uma semana. Essa é a primeira vez que Marcel grava um songbook todo dedicado a Baden e, para tal missão, contou com um reforço luxuoso nos palcos e no estúdio. A turnê que já passou por Rio de Janeiro e São Paulo chega a Fortaleza contando com a presença de um convidado por dia: Hamilton de Holanda (hoje), Gilson Peranzetta (amanhã), Victor Biglione (sábado) e Armandinho Macedo (domingo).

Os três primeiros convidados da turnê cearense também estão presentes no disco Só Baden, que conta também com o bandolinista curitibano Daniel Migliavacca. O baiano ex-A Cor do Som Armandinho é exclusividade dos palcos, mas ganhou um presente a mais. No repertório do show está a composição Um Abraço no trio Elétrico, homenagem de Baden Powell ao filho do criador do trio. “Meu pai conheceu o Armandinho na Bahia e se encantou pelo talento desse cara que é de uma importância na música brasileira muito grande”, conta Marcel, que gravou o choro no disco Corda com Bala (2009). “É um choro que homenageia o trio da Bahia, da época do Osmar, que tocava frevo e choro”.

Na turnê Só Baden, Marcel apresenta não só o lado compositor do pai, quanto sua porção intérprete. “Essa faceta dele como intérprete é tão importante quanto o lado do compositor, por que ele criava em cima das composições. Tanto que algumas interpretações dele ficaram definitivas, como é o caso de Lagoa do Abaeté, do Dorival Caymmi”, avalia o violonista de 34 anos que priorizou a questão afetiva na hora de selecionar os convidados do projeto. “Eu não consigo tocar com uma pessoa que chegue e fale ‘vamos tocar’ sem eu nunca conhecer. Tenho que ter uma afinidade, ver se dá certo ou não dá. Encontrar exclusivamente para tocar eu não consigo. Vamos se conhecer primeiro”, adianta Marcel.

Da mesma forma, não é por acaso que ele vem agora gravar e fazer uma turnê só canções do autor de clássicos como Canto de Ossanha, Berimbau e Vou Deitar e Rolar. “Esse projeto chegou no momento certo, por que, se eu fizesse no início da minha carreira, poderia parecer óbvio. Nos meus discos, sempre gravei outras coisas, mas sempre com música brasileira. Então, no ano passado, quando gravou o disco Só Baden, completou 15 anos da morte do meu pai e ele tinha essa coisa de agregar”.

Serviço:
Marcel Powell – Só Baden  
Quando: hoje, 1°, a sábado, 3, às 20 horas; domingo, 4, às 19 horas
Onde: Caixa Cultural (Av. Pessoa Anta, 287 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Telefone: 3453 2770

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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