Solos cortantes como uma serra elétrica abrem espaço entre os riffs agressivos. A bateria à frente marca a urgência de passar o recado sobre um mundo em chamas, que tem pressa, que precisa gritar, mas que precisa acreditar no amor. O baixo reforça o peso fazendo o chão tremer. É dessa mistura de caos e criação que surge o som do Mad Monkees. Fruto de uma mescla de influências roqueiras, o quarteto cearense lança seu algum de estreia na próxima sexta-feira, 14, nas plataformas de streaming.

O quarteto formado por Felipe Cazaux (guitarra/ voz), Hamilton de Castro (baixo), Capoo Polacco (guitarra) e PH Barcellos (bateria) deu uma prévia do trabalho em setembro de 2015, quando lançaram um EP com quatro faixas. O som cru influenciado por Black Sabbath, Led Zeppelin e Nirvana chegou até Carlos Eduardo Miranda, reconhecido por lançar os Raimundos e Mundo Livre SA quando integrou o elenco do selo Banguela Records. Depois de algumas conversas e trocas de emails, o porto-alegrense topou produzir o álbum de estreia dos cearenses.

A gravação aconteceu ao longo de 20 dias em São Paulo, no Rootsans Studios. A engenharia de gravação, edição e mixagem ficou com Rodrigo Sanches, vencedor do Grammy Latino pelo trabalho no álbum Tropix, da Céu. Já a masterização foi feita em Los Angeles, no Sterling Sound – onde passaram Amy Winehouse, Miles Davis, Patti Smith e muitos outros desse calibre – sob os cuidados de Randy Merrill, que já trabalhou com Justin Bieber, Lady Gaga e Adele (no premiado 25).

Há quase 20 anos atuando na cena blues de Fortaleza, Cazaux conta que o Mad Monkees nasceu da vontade de tocar um novo repertório que abarcasse outras influências. “Eu tinha vontade de entrar de outros tipos de festivais, que não fossem necessariamente de blues. Ao mesmo tempo, tenho uma veia rock muito forte e algumas coisas (do trabalho com o blues) estavam ficando muito pesadas. Discuti com a banda e veio a ideia de um novo projeto, onde pudéssemos ter mais liberdade”, explica o cantor, guitarrista e principal compositor do projeto.

“A Double Blues já tinha influencia de rock clássico. O Rodrigo Gondim (parceiro de banda falecido em 2008) já tentava trazer umas coisas diferentes”, lembra Cazaux sobre o projeto que o apresentou na cena local. “Era muito audacioso para a época e muita gente torcia nariz porque não era o blues tradicional. Acho que o blues tem várias vertentes, não necessariamente tem que ser aquela coisa quadrada que todo mundo faz igual. O próprio Stevie Ray Vaughan fugia bastante e, ao mesmo tempo, é um cara considerado extremamente blues. Daí eu passei a usar blues rock, por que era blues, mas era rock”.

Talvez daí em diante as portas estivessem abertas para que o rock chegasse por completo. No álbum Mad Monkees ele aparece em temas cavernosos (Scars), ritmos acelerados (Monkee Business, o primeiro single), batidas funkeadas (Scream) e outros climas. Tudo isso sem muito tempo para respirar. Uma pancada puxa a outra, sem espaço para baladas ou frescura. Essa combinação de tons agressivos já vem rendendo convites para tocar em Goiânia (no festival Bananada, onde eles se apresentam em maio), Brasília, Belo Horizonte e São Paulo. Em Fortaleza, a banda já está escalada para a programação da Maloca Dragão, no fim deste mês.

Mesmo sem largar o blues, Cazaux adianta que o foco agora está no Mad Monkees. Para ele, depois de um tempo de baixa, o rock vem vivendo um momento de efervescência com várias bandas surgindo. “Nesse período, que o povo quer falar alguma coisa, precisa se manifestar, precisa de uma certa maneira de um pouco mais de agressividade. Aí o rock tem espaço novamente. É bom o pessoal querer se indignar. Vamos lá, tem o que falar? Então vai falar. Por isso, a galera pode matar o rock mil vezes, meu amigo. Na hora que precisar, ele sai de baixo da terra e vem buscar teu pé. Morrer não morre”.

 

Serviço:
Mad Monkees
O quê: lançamento virtual do álbum de estreia. Participações de Emmily Barreto (Far From Alaska) e banda Marrero
Quando: sexta-feira, 14

Onde:
Youtube

Spotify

Deezer

ITunes

Bandcamp

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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