• Texto do quadro Discografia, apresentado na Rádio O POVO CBN

Nos anos 1970, uma geração de compositores brasileiros ganhou o apelido de malditos. Era uma turma que apostava num som muito particular, muitas vezes inclassificável, de forte personalidade autoral, mas de pouco apelo comercial. Sim, os malditos eram respeitados como compositores, mas vendiam muito pouco.

Nessa turam se encontravam nomes como Jorge Mautner, Sérgio Sampaio, Jards Macalé e Luiz Melodia. Falecido na manhã de ontem, aos 66 anos, por conta de um câncer na medula, Luiz Carlos dos Santos é um dos compositores mais sui generis da música brasileira.

Suas letras misteriosas, cheias de imagens e segredos, se combinavam a melodias sofisticadas e sem amarras. Em 44 anos de carreira, ele misturou referências de samba, blues, soul, jazz, rock e outros ritmos. E tudo isso formava um som novo, moderno e muito particular.

Esse som ficava ainda mais pulsante na voz do próprio Luiz Melodia. O timbre metalizado, com craves dramáticos e agudos derrapantes, fizeram do carioca um dos mais perfeitos intérpretes brasileiros. E ele não devia nada aos negros históricos da Motown, Stax ou Chess Records.

Mas, no lugar de competir com os estrangeiros, ele estava mais interessado no morro do Estácio, onde nasceu. A música brasileira não foi a mesma depois de Luiz Melodia e é indiscutível que ele nos deixa um legado precioso. Que Luiz Melodia descanse em paz.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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