Foto: Leo Aversa

Paulinho da Viola e Marisa Monte se irmanam nas diferenças, crescem com elas. Ele, um sambista com os dois pés fincados na tradição, olhou pra frente para criar uma das obras mais singulares, perenes e inquestionáveis da música brasileira. Ela, uma intérprete com fama de moderna, sempre olhou e valorizou o passado da MPB lançando novos olhares para Novos Baianos, Roberto Carlos, Gilberto Gil e outros. Ah, sim, ela também é fã de samba e Paulinho da Viola.

Marisa e Paulinho se encontram muitas vezes ao longo da carreira e, agora, resolveram montar uma turnê juntos, que passam neste sábado, 2, pelo Centro de Eventos do Ceará. O show passeia pela obra do sambista, visita o repertório – popular e obscuro – da Portela e faz pequenas pausas no cancioneiro pop e eclético de Marisa. E eles também contam muitas histórias.

Uma dessas histórias é sobre Dança da Solidão, que Paulinho fez no fim dos anos 1970 e achou que ficaria bem na voz de Roberto Carlos. No entanto, a timidez histórica o impediu de mostrar o samba para o Rei e coube ao próprio autor lançá-lo. Em 1994, Marisa relançou a canção no disco Cor de Rosa e Carvão (com a adesão do violão de Gilberto Gil), ganhando mais um hit obrigatório pra sua carreira.

Foi também nos anos 1990 que Marisa conheceu Paulinho, por intermédio do violonista Raphael Rabello (1962–1995), que convidou ambos para participarem de um show no Heineken Concerts. Desse encontro nasceu um vídeo de Para Ver As Meninas, que só foi apresentado na íntegra anos depois, no DVD Barulhinho Bom. E é essa a faixa escolhida para a entrada da carioca de 50 anos ao palco da nova turnê, que começa com um set solo de Paulinho, de 74 anos.

Juntos, eles relembram Sinal Fechado, Foi um Rio que Passou em minha vida, Talismã e outras do repertório dele. Tem ainda Carnavália, Universo Ao Meu Redor e De Mais Ninguém, do repertório dela. No meio desse caminho, eles declaram amor à azul e branco com uma sequencia de sambas portelenses. Boa parte deles, inclusive, estaria esquecida se Marisa não tivesse mergulhado na memória musical da escola de Oswaldo Cruz para o documentário O mistério do Samba (2008). Sim, por que o alimento desse encontro de tantos anos é o carinho à música e ao samba.

Desse mergulho nasceram, ainda, o disco Tudo Azul, com canções de sambistas da Portela, e outros dois dedicados a Jair do Cavaquinho e Argemiro Patrocínio. Desses trabalhos, eles pescaram pérolas como Dizem que o amor, Com lealdade, Passarinho e Sofrimento de quem ama. E num encontro de Marisa Monte e Paulinho da Viola não poderia faltar Carinhoso, que eles gravaram no documentário Meu Tempo é Hoje (2003), que conta a história do autor de Coração Leviano. Sim, por que o alimento desse encontro de tantos anos é o carinho à música e ao samba.

Serviço:
Marisa Monte e Paulinho da Viola
Quando: amanhã, 2, às 20h30min
Onde: Centro de Eventos (Av. Washington Soares, 999 – Edson Queiroz)
Quanto: R$ 180 (cadeira prata), R$ 220 (cadeira ouro) e R$ 300 (cadeira premium). Preços de inteira
Telefone: 3453 2770

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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