Humberto Gessinger está de volta ao Ceará para celebrar os 30 anos do disco A Revolta dos Dândis, o segundo da discografia dos Engenheiros do Hawaii.  O show acontece na barraca Chega Mais Beach, em Canoa Quebrada. Por email, o músico dá detalhes sobre o show e o atual momento da carreira. Confira:

DISCOGRAFIA – Você já apresentou esse show outras vezes em Fortaleza, recentemente, inclusive. Como é voltar mais uma vez? Haverá alguma mudança para quem já viu o show?
Humberto – Estive em Fortaleza com este show uma vez, em maio. Vamos apresentar o mesmo show que gravamos em Porto Alegre, em agosto, e que estou apresentando na turnê pelo país. Começamos o show tocando o disco Revolta dos Dândis na íntegra, depois passeio por várias fases da minha carreira, chegando aos meus trabalhos mais recentes.

DISCOGRAFIA – O destaque desse show é o repertório de A Revolta dos Dândis. Como você avalia esse disco depois de 30 anos?
Humberto – Músicas são seres vivos, se transformam, e acho que o tempo fez bem ao disco. As letras continuam fazendo sentido e a sonoridade analógica agora é considerada “clássica”. O disco tem vários hits, mas, nos shows, fico positivamente surpreso com a forma como as músicas menos conhecidas do disco estão sendo recebidas. Me parece que as pessoas estão mais receptivas hoje.

DISCOGRAFIA – O que mais mudou no seu modo de compor nesses 30 anos?
Humberto – Gosto muito mais de compor hoje. Sou mais rigoroso comigo mesmo, mas já não tenho a ansiedade que tinha na juventude. Tudo tem seu tempo. Na gravação do DVD, além das músicas do A Revolta Dos Dândis, gravei quatro canções inéditas. Acredito que duas delas estão entre as melhores coisas que já escrevi.

DISCOGRAFIA – A Revolta dos Dândis foi lançado com um Brasil ainda vivendo a redemocratização. Mesmo enfraquecido, ainda existia um aparelho de censura na época. Vocês chegaram a ter problemas com isso? Chegaram a sofrer veto ou ter de dar explicação?
Humberto – Não.

DISCOGRAFIA – Em 1987, o rock nacional ainda gozava de muita popularidade e novas bandas apresentavam seus trabalhos. Hoje, o rock perdeu espaço entre os jovens e foi substituído por ídolos passageiros. O que houve com o rock? De quem é a “culpa”?
Humberto – Não sei se existe culpa. Existe também um otimismo em achar que o rock está mais independente e underground, e livre das pressões das gravadoras.

DISCOGRAFIA – Desde A Revolta dos Dandis, o Engenheiros do Hawaii passou por diversas mudanças, mas você continuou sendo o rosto principal. O que mais te faz falta naquela época?
Humberto – Não vejo diferença entre carreira solo, banda, dupla, acho que são só rótulos. Mas é certo que mudei com o tempo. O que sei é que nunca gostei tanto de estar na estrada fazendo música quanto gosto agora.

DISCOGRAFIA – Existe plano ou vontade de gravar um novo trabalho com o Engenheiros? * Se você fosse reativar o Engenheiros agora, quem você queria na banda? (o músico optou por reunir duas perguntas em uma única resposta)
Humberto – Não há nenhum plano para voltarmos a tocar juntos ou a utilização do nome. Pretendo seguir no que tenho feito, e que tenho adorado fazer.

DISCOGRAFIA – Além da música, você é autor de livros. O que achou da experiência de escrever nesse formato? Tem plano de lançar um novo trabalho?
Humberto – A palavra escrita é anterior à palavra cantada na minha vida e sigo sempre escrevendo, mas a literatura vai esperar mais um pouco. Vou demorar um pouco para lançar outro livro, os próximos projetos são todos musicais.

DISCOGRAFIA – Existe um movimento tímido para separar a região Sul do resto do Brasil. O que você pensa sobre o assunto? * Recentemente, O Rio Grande Sul protagonizou um debate nacional por conta da exposição Queermuseum. Como você se posiciona nessa história? * Assuntos como censura e avanço do conservadorismo estão se misturando aos debates sobre corrupção, política, violência e sociedade. O que está faltando para o Brasil viver dias mais pacíficos? (o músico optou por reunir três perguntas em uma única resposta)
Humberto – A diversidade cultural é a grande força deste país. Saber respeitar e conviver com isso é a chave para um país melhor.

Serviço:
Humberto Gessinger
Quando: amanhã, 14, às 20 horas
Onde: Barraca Chega Mais Beach (Av. da Integração, 860 – Canoa Quebrada, Aracati)
Quanto: entre R$42 e R$102. À venda no local e no site www.bilheteriavirtual.com.br
Telefone: (88) 3421 7101 (Canoa Quebrada) e (85) 3033 1010 (Fortaleza)

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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