Foto: Wilmore Oliveira

Gigante pela própria natureza, o Brasil sempre foi inspiração para poetas, escritores, artistas e compositores. Celebrado pelas mais lindas vozes e enaltecido por grandes nomes, o País da multiculturalidade voltou a ser pintado mais uma vez em canções. Silva é sem dúvidas um dos melhores nomes de sua geração e em tons de bossa, pop e samba, vêm cantando um Brasil que há muito estava esquecido.

Em seu quarto e mais recente álbum de inéditas, Brasileiro, lançando em maio pelo selo Slap, a música do capixaba surge como um delicado refúgio poético em meio aos caos que se encontra o País. É solar, pra cima e cheia de versos amor. O disco me ganhou de cara. Sucessor do aclamado Silva Canta Marisa, de 2016, é bom ouvir o cantor de volta as inéditas. Em conversa com o DISCOGRAFIA, Silva afirma que Brasileiro é seu encontro. “Sou eu gostando de mim, gostando do sorriso tímido, gostando da minha voz. Esse disco poderia se chamar: a segurança dos trinta anos”, comenta.

Foto: Wilmore Oliveira

Para mim, que fui conquistada pela melancólica e sensível 2012, do álbum de estreia de Silva, Brasileiro é leveza. Das treze faixas que integram o disco, nove foram feitas em parceria com irmão Lucas Silva. As outras trazem nomes como Ronaldo Bastos, Arnaldo Antunes e Dé Santos. Além de uma parceria com Anitta.

Entre os destaques do novo disco, a música A Cor é Rosa, single lançado em maio deste ano e a primeira a ganhar clipe oficial, é gostosa de se ouvir. Ritmada como um samba, a canção é tranquila e com refrão daqueles de cantar junto. Já Caju, que inicia com um piano, tem seu forte no instrumental. Em Fica Tudo Bem, gravada com Anitta, o conjunto de vozes é agradável e faz uma bela parceria com o violão ao fundo. “As composições foram feitas durante a turnê passada, nos tempos livres, na praia, no quintal da minha antiga casa. Posso dizer que as músicas vieram de momentos muito bons”, explica Silva.

A turnê de Brasileiro chega a Fortaleza neste fim de semana, em duas apresentações, sexta e sábado, 20 e 21, no Theatro Via Sul. Em sua estreia, no inicio do mês, uma plateia de ingressos esgotados cantou o álbum junto com Silva no Rio de Janeiro e é isto que ele tem sentido com o novo trabalho. “Essa tem sido a turnê mais legal que fiz até aqui. As pessoas têm vindo ao show como se fossem um coral, cantando todas as músicas do disco. Isso me deixa muito feliz e lisonjeado. Não poderia ser melhor”, ressalta com expectativas para o show em Fortaleza. Leia a entrevista completa com Silva

DISCOGRAFIA: Qual foi a motivação para cantar o Brasil nesse novo disco?
SILVA: A motivação veio da minha paixão pela música brasileira. Comecei a compor para esse disco no meio da turnê Silva canta Marisa e tudo que eu criava já vinha com um jeitinho muito Brasil. Ao invés de frear isso, eu abracei a ideia e deixei todas as minhas referências brasileiras aflorarem. Foi algo que me fez muito bem. As composições foram feitas durante a turnê passada, nos tempos livres, na praia, no quintal da minha antiga casa. Posso dizer que as músicas vieram de momentos muito bons.

DICOGRAFIA:  Como que foi o processo de composição e produção do álbum? Quais referências você procurou trazer ao disco?
SILVA: Foi um processo longo, talvez o mais longo até agora. Fiz o disco sem pressa, levei meses compondo muitas músicas para depois escolher as 13 que entraram no álbum. E trabalhei de uma forma bem intuitiva. Quando percebia que a música tinha um jeito de samba, afoxé, samba-reggae ou qualquer outro tipo de música, eu deixava fluir e fazia do meu jeito. O álbum tem um pouco de samba, bossa, axé, pagode, tudo que já ouvi na vida e continuo achando legal.

DISCOGRAFIA: O que é Brasileiro quando você olha para trás?
SILVA: Brasileiro sou eu me encontrando, gostando de mim, gostando do sorriso tímido, gostando da minha voz. Esse disco poderia se chamar: a segurança dos trinta anos. Acho que estou amadurecendo como músico e isso me deixa empolgado para o que vem pela frente e não me arrependo do que já produzi porque sempre fui sincero no que canto, falo e penso.

DISCOGRFIA: E como foi gravar com a Anitta? 
SILVA: Gravar com Anitta foi lindo. Ela é uma pessoa inteligente e muito profissional. Não tem aquela coisa de “vamos fazer sim” e depois sumir e te enrolar. Não é à toa que ela está chegando nesse lugar. E, para um disco chamado Brasileiro, eu fico honrado de ter a maior brasileira do momento cantando comigo.

DISCOGRAFIA: Brasileiro tem um certo tom politico. Isso foi proposital? Você considera que esse disco tem uma conotação mais política do que os outros?
SILVA: Foi proposital e inevitável, mas cuidei para que o tom político viesse de uma forma bonita, que entrasse na cabeça das pessoas e gerasse reflexão. Não sou muito adepto aos jingles e não gosto quando uma música parece um sermão religioso. Por isso o disco é leve, porque estou numa fase leve na vida e ser leve requer um esforço grande.

Foto: Wilmore Oliveira

DISCOGRAFIA: Suas composições falam muito sobre amor.  Como é sua relação com o amor na hora de escrever? De onde vêm suas referências de poeta?
SILVA: Acredito que o amor é um tema que nunca vai deixar de fazer sentido e talvez seja o que a gente mais precisa nesse momento. Quem escreve as músicas comigo é meu irmão, Lucas Silva, que além de meu empresário, é um poeta de mão cheia, meu amigo e tenho muita sorte de ter alguém como ele na minha vida.

DISCOGRAFIA: A sua música transita entre a bossa, a mpb e o pop.  E vai além. Como é essa relação para você? Como você define seu som? E, se define, como é que podemos descrever seu atual momento na música?
SILVA: Não tento definir meu som porque eu gosto de misturar muitas coisas e saber misturar não é algo fácil. Dá trabalho encaixar o quebra-cabeça de uma forma que faça sentido e soe fresco. Eu gosto de música brasileira, gosto de refrão, gosto de melodias cantaroláveis que emocionam. Esse talvez seja o máximo que eu consiga me definir.

DISCOGRAFIA: Recentemente, você participou do novo single Palavras no Corpo, da Gal Costa, junto do poeta Omar Salomão. Como foi essa experiência? 
SILVA: A Gal me chamou para fazer uma música para ela em cima de um poema do Omar Salomão, que me deixou apaixonado quando li. Foi a primeira vez que fiz uma música em cima de um poema. A primeira coisa que me veio à mente é que Gal gosta muito de Amy Winehouse e Etta James e esse foi meu norte para transformar o poema em música. Fiquei muito feliz de ter algo meu cantado por uma das minhas cantoras prediletas da vida.

DISCOGRAFIA: Depois de Silva canta Marisa, você tem vontade de fazer algo do gênero com outros artistas? Quais?
SILVA: Não sei se faria isso outra vez porque com Marisa foi diferente. Não foi só uma relação de fã e ídolo, nós nos tornamos amigos e ela desde que nos conhecemos foi muito generosa e carinhosa comigo. Esse projeto virou um álbum porque eu vi que ela era ainda mais legal do que eu já imaginava que era. Foi uma homenagem sincera de um fã-amigo.

DISCOGRAFIA: E como você enxerga o retorno do público com Brasileiro? E o que devemos esperar do show em Fortaleza?
Essa tem sido a turnê mais legal que fiz até aqui. As pessoas têm vindo ao show como se fossem um coral, cantando todas as músicas do disco. Isso me deixa muito feliz e lisonjeado. Não poderia ser melhor. Fortaleza sempre me recebeu com muito carinho e virou uma das minhas cidades prediletas. Esse carinho, eu me empenho para retribuir e dividir esse momento bom que está acontecendo comigo. Quando a gente é bem recebido em algum lugar, a gente nunca esquece.

Serviço
Show “Brasileiro” de Silva
Quando: sexta-feira, 20, e sábado, 21, às 21 horas
Onde: Theatro Via Sul Fortaleza (avenida Washington Soares, 4335 – Edson Queiroz)
Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia); disponíveis na bilheteria do Theatro ou no site Ingresso Rápido

 

About the Author

Mariana Amorim

Jornalista, apaixonada por comunicação e envolvida com música! Acha que uma bela canção pode mudar o mundo. Coleciona livros, discos de vinil, imãs de geladeira e blocos de anotação. Apaixonada pelos garotos de Liverpool e pelo rapaz latino-americano.

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