Filmes de animações têm apresentado lições de vida e ensinamentos importantes para o público infantil

Os produtos audiovisuais voltados para as crianças não se resumem a histórias simples com personagens fofos. Muitos estúdios vêm, ao longo dos anos, introduzindo assuntos importantes e relacionados a questões sociais na trama de suas produções. Para conseguir a atenção dos mais novos, os desenhos animados se tornaram a melhor opção. Além disso, as mensagens acabam impactando as pessoas que acompanham os pequenos nas sessões. Esses longas não são apenas entretenimento, mas também uma forma de aprendizado.

Um exemplo são as animações da Disney, desde os filmes mais antigos até os mais recentes. A história de Dumbo pode ser associada ao bullying, já que era motivo de piada por ter orelhas gigantes; Lilo & Stitch foca bastante em Ohana, palavra que significa família na cultura havaiana; Wall-E tem como objetivo mostrar o possível futuro do planeta Terra caso a quantidade de resíduos que produzimos cresça com o tempo; já Operação Big Hero trata da questão da perda e do luto.

Para Anna Karina Gonçalves, professora de Psicologia da UNINASSAU Boa Viagem, os filmes despertam a curiosidade das crianças sobre diversos assuntos e fazem com que elas se tornem mais empáticas.

 

“Já temos filmes animados educativos a algum tempo, que fazem uso de uma linguagem que atrai a atenção das crianças, sendo possível fazer uma discussão e problematizar o assunto respeitando o nível cognitivo de cada criança e da turma da escola. Há muito material produzido no mercado audiovisual. Inclusive, temos Maurício de Sousa com desenhos que apresentaram uma criança cadeirante e a questão do autismo. Não precisamos recorrer às produções internacionais”, conclui.

 

Se possível, é interessante perguntar para os pequenos o que eles aprenderam com os filmes. Dessa forma, os cuidadores poderão conversar sobre os assuntos de maneira lúdica ou explicá-los caso as crianças não tenham compreendido a mensagem principal da história. As animações também têm outros pontos positivos, como o aumento do vocabulário, a ajuda no desenvolvimento socioemocional e a estimulação da criatividade, além de também ser uma maneira de reunir a família em uma tarde divertida.

Alexsandro Silva, professor de Pedagogia da UNINASSAU Graças, comenta sobre como essas produções podem ajudar na educação dos pequenos.

 

“A arte e a educação sempre foram ciências que andaram de mãos juntas para a construção de um sujeito social crítico e reflexivo. Atualmente, com maior ênfase, temos as animações como uma ferramenta para o processo de ensino e aprendizagem das crianças. Essa ferramenta é bastante usada nas escolas e traz uma maneira divertida de aprendizagem, desde conteúdos curriculares a questões mais sociais e debates atuais, como relações étnico-raciais, enfrentamentos do medo ou luto, questões de respeito e até relação ser humano e natureza. Ver como os personagens lidam diante da situação faz com que as crianças criem estratégias e construam seu pensamento para lhe dar com as situações cotidianas. Esse recurso deve ser bem explorado para que possa ter o conhecimento e a aprendizagem vivenciadas de maneira positiva, não reproduzindo situações desagradáveis para nossas crianças”, afirma.

 

Porém, atualmente, muitas crianças preferem ter acesso a conteúdos produzidos e publicados no YouTube. E são poucos os canais educativos. Além de perder parte da sua infância encarando telas de computadores, tablets e celulares, passam menos tempo com suas famílias. Se tornou algo comum escutar de uma criança que o sonho dela é ser um Youtuber famoso.

O grande problema é que muitos canais oferecem conteúdos rasos, sem materiais que possam ajudar no desenvolvimento do público infantil e fazer com que ele aprenda sobre assuntos importantes do dia a dia de uma forma divertida. Sem falar que muitos YouTubers não têm fundamentação para falar com propriedade sobre os assuntos. Anna Karina Gonçalves comenta que já é possível ver o impacto dessas produções na nova geração. “As crianças estão passando mais tempo em casa, no hiper convívio com adultos. O impacto é elas brincando sozinhas nos ambientes das escolas, com dificuldade de dividir, menos empáticas, mais egocêntricas e mais individualistas”, conclui.

Durante a pandemia, com os pais sobrecarregados com o trabalho remoto e afazeres de casa, os vídeos do YouTube foram muito disponibilizados para as crianças. Agora, com elas voltando para as escolas e os responsáveis para o trabalho, como fazer a limitação desses conteúdos que não trazem conhecimento? É importante gerenciar o que as crianças estavam assistindo, o que pode não ser fácil, pois elas podem ter se habituado a esses tipos de vídeos. Algumas opções são fazer acordos com os pequenos que já conseguem dialogar, estipular um tempo ou fazer premiações. Dessa forma, a criança vai aprendendo e se readaptando.

 

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Eduardo Siqueira

Um jornalista que ama Educação. Minhas experiências me fizeram imergir no universo da Educação, sentindo todo o seu poder transformador e percebendo o quanto ela ainda precisa de apoio. Aqui, busco fazer minha parte e ajudar as pessoas a compreendê-la nem que seja um cadinho.

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