A Estação Primeira de Mangueira escolheu o samba-enredo de 2019. A escola vai apresentar “História pra ninar gente grande”, de autoria do carnavalesco Leandro Vieira, na Marquês de Sapucaí. A composição reconta a história do Brasil a partir da morte de Marielle Franco, em março deste ano.
Além de Marielle, Dragão do Mar também é homenageado no samba-enredo. O trecho “A liberdade é um Dragão no mar de Aracati” faz referência ao líder dos jangadeiros Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, que entrou para a história como o Dragão do Mar.
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Chico da Matilde tinha 42 anos quando, em 1881, deflagrou greve e impediu o mercado escravista no Porto de Fortaleza de funcionar durante três dias. O cearense nasceu em 15 de abril de 1839, em Canoa Quebrada, Aracati.
A música faz referência também a Dandara dos Palmares, guerreira negra que lutava contra a escravidão. Luíza Mahin, líder de revoltas pelos direitos dos negros na Bahia, é outra mulher cantada no enredo. “Eu quero o país que não tá no retrato”, diz o samba, sobre histórias de povos brasileiros que não são discutidas.
Ouça o samba-enredo “Canção para ninar gente grande“
“Brasil, meu nego deixa eu te contar;
A história que a história não conta;
O avesso do mesmo lugar;
Na luta é que a gente se encontra.
Brasil, meu dengo a Mangueira chegou;
Com versos que o livro apagou;
Desde 1500, tem mais invasão do que descobrimento.
Tem sangue retinto, pisado;
Atrás do herói emoldurado.
Mulheres, tamoios, mulatos;
Eu quero o país que não tá no retrato.
Brasil, o teu nome é Dandara;
Tua cara é de Cariri;
Não veio do céu nem das mãos de Isabel;
A liberdade é um Dragão no mar de Aracati;
Salve os caboclos de Julho;
Quem foi de aço nos anos de chumbo;
Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles e Malês.
Mangueira, tira a poeira dos porões;
Ô, abre alas;
Pros seus heróis de barracões;
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões.
São verde e rosa as multidões”
Com Redação O POVO Online
Esse Samba-enredo é um primor, merece frequentar as salas de aulas brasileiras.
A auto verdade foi ser europeu e aculturado de valores absolutos, renegando quaisquer outras culturas que já imperavam nas terras primitivas. Carregamos tudo isso ainda em nossa erança cultural, sem nos darmos conta que ainda não nos descobrimos depois do “descobrimento”! Ainda olhamos para os quadros, sem saber que nossa história se encontra atrás deles!