Pequeno Manual Antirracista, Djamila Ribeiro
Companhia das Letras, 2019
A filósofa Djamila Ribeiro é hoje uma das principais vozes quando se fala no combate ao racismo, além de ser referência quando o assunto é feminismo. Eleita pela BBC britânica uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, a autora do excelente O que é lugar de fala (2017) e Quem tem medo do feminismo negro? (2018) entende a necessidade de ser didática em tempos de extremismo.
Em novembro último, ela lançou Pequeno Manual Antirracista, livro que traz 11 lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo. Uma peça que dialoga com Angela Davis e sua célebre frase: “Numa sociedade racista não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”.
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Um exemplo disso é que, no capítulo que abre o título, a filósofa destaca que “Simone de Beauvoir, em referência a Stendhal, autor que segundo a filósofa atribuía humanidade às suas personagens femininas, dizia que um homem que enxergasse a mulher como sujeito e tivesse uma relação de alteridade para com ela poderia ser considerado feminista”.
Ela conclui que o raciocínio também pode ser usado para refletir sobre o antirracismo, “com a ressalva de que sobre a mulher negra incide a opressão de classe, de gênero e de raça, tornando o processo ainda mais complexo”.
Em falas contundentes, Djamila condensa questões complexas do racismo estrutural em prol do lado didático da força, entendendo que é preciso explicar, conscientizar. Estabelece a necessidade de, cada um de nós, fazer o dever de casa e encontrar formas de (se) (re)educar e transformar.