Mural do artista Douga, no residencial do Jangurussu (Foto: @jenyfotografia)

A 7ª edição do Festival Concreto, que vai do dia 20 de novembro próximo ao dia 28, nomes cearenses, nacionais e de países como México, Colômbia e Alemanha. Dessa vez, o Festival se volta para o Grande Jangurussu, bairro que será ponto principal do evento.

O “palco” principal para os trabalhos será o Conjunto Residencial José Euclides Ferreira Gomes, localizado no Jangurussu e construído dentro do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida. O residencial acolhe 1.488 famílias oriundas do entorno dos rios Maranguapinho e Cocó.

Levar o Concreto para um local com maior concentração de pessoas em condição de vulnerabilidade surgiu em 2019, após parceria com Suricate Seboso, que tem como um dos membros morador do
residencial.

Zona Franca

Em agosto deste ano foi implantado o que está sendo chamado de Zona Franca de Arte e Cultura. Idealizado como laboratório artístico permanente, o espaço começou a funcionar com a pré produção do Festival Concreto e deverá receber ações da Amplitude – Escola de Arte Urbana no futuro.

Para começar, prédios do Conjunto Residencial José Euclides estão sendo pintados com obras de artistas cearenses. A ideia é abrir diálogo entre moradores e artistas.

Para Narcelio Grud, diretor do evento, o artista não é mais o ponto central, mas parte do processo. “Escolhemos um local menos assistido, sem o apelo das regiões que trabalhamos nas outras seis edições. Foi importante estar ali, marcar esse território, compor essa paisagem urbana com arte pública, mas vamos voltar esse trabalho pras pessoas que sentimos que têm uma necessidade maior”, afirma.

Sete murais já estão finalizados. Mais dois estão sendo produzidos e serão entregues antes do Festival começar. Isso porque o evento quer partir para um contato mais direto com a comunidade.

Atrações

No Festival, a comunidade vai ganhar uma midioteca produzida dentro de um ônibus antigo, de 1984, adquirido pela produção do evento. A ideia é ter livros, jogos, quadrinhos e DVDs, em uma espécie de centro cultural itinerante que depois irá ganhar outros destinos.

Além disso, está confirmada a presença da artista pernambucana Maria Eugênia, filha do músico e ator Antônio de Nóbrega. Também será lançado o livro “Festival Concreto 2”, que documenta da edição quatro a seis do festival.

Inside Out

Instalação de JR na fronteira que separa México dos Estados Unidos (Foto: jr-art.net)

O Concreto vai realizar uma edição local do projeto Inside Out, criado pelo artista francês JR. Pela primeira vez em Fortaleza, o projeto vai contar com fotografias de moradores da comunidade que irão virar grandes murais feitos com lambe-lambes. A realização foi autorizada pela equipe do fotógrafo urbano.

Sala da escuta

Um grupo de psicólogos e psiquiatras está colaborando com a organização do evento no projeto que está sendo chamado de “Sala da Escuta”.

“A ideia é trabalhar diversas questões na escuta coletiva do que as pessoas querem e precisam”, explica Grud. “Vamos trabalhar a questão das mães de primeira viagem, alcoolismo, juventude e outras questões vividas pela comunidade”.

“Queremos chegar num mais lugar mais participativo da comunidade e partir disso perceber que transformação pode ser feita a curto, médio e longo prazo”, pontua Narcélio Grud. “É importante que essas ações comecem com o festival e tenham continuidade. Vamos dar suporte a isso até que chegue o momento que a própria comunidade seja a realizadora”.

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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