Foto: Julio Caesar

No gramado, Everson acabava de marcar seu primeiro gol pelo Ceará, aos 19 minutos do primeiro tempo. Golaço de falta, cobrança irrepreensível no Castelão com mais de 40 mil pessoas, adversário tradicional, jogo transmitido pela TV, Série A do Campeonato Brasileiro. Um cenário de sonho para o goleiro revelado no São Paulo e que cresceu vendo o ídolo Rogério Ceni bater na bola com perfeição.

Em um dos camarotes do estádio, a esposa Rafaela Vieira e um dos filhos do casal, Marcos Paulo, demoraram alguns segundos para se achar. Quando chegou o abraço anunciado, o choro, emocionado, veio junto. Ver o marido e o pai comemorando um gol era o retrato de um desejo construído pela família, daquelas que caminha sempre unida. Lágrimas genuínas e construídas com mérito.

Everson treinava no São Paulo até 2010 e precisou ter muita coragem para decidir ir embora. Ele sabia que dificilmente jogaria no time do Morumbi. Foi tentar a sorte no Guaratinguetá e lá ficou por três temporadas até aceitar uma proposta do River-PI. Os dias no Piauí não foram fáceis. A adaptação, sofrida. A saudade, enorme, já me contou em entrevistas passadas. Com destaque e persistência, foi jogar em Sergipe, no Confiança, até que em 2015, depois de boas temporadas, assinou contrato com o Ceará.

Chegou para compor o elenco e ser reserva do então titular Luis Carlos, mas quis o destino que o jogador assumisse a titularidade em um momento histórico para o clube, já com Lisca no comando e construindo um caminho surpreendente de 19 pontos conquistados em 24 disputados naquela oportunidade, suficientes para salvar o Ceará da Série C.

Ali um ídolo para a torcida se formava. E não tem sentimento mais importante para um torcedor, ainda mais no Brasil, onde os bons jogadores permanecem pouco nos clubes.

O que se vê até hoje é um profissional dedicado, de grande qualidade técnica e tendo atuações excelentes pelo Ceará, fazendo a diferença, ganhando pontos, sendo decisivo, entrando para a história do clube.

O que o Brasil conhece melhor agora, nós por aqui já sabemos faz tempo. (Vídeo de Davi Corrêa, publicado com autorização dos envolvidos)

 

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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