Caros leitores, hoje é dia de música no blog Homem Etc! Para animar sua segunda-feira, estou trazendo algumas dicas sonoras. Começo meu segundo texto neste espaço privilegiado pensando sobre as bandas e os músicos que te fazem pensar, quando os conhece: “Poxa, queria ter ouvido isso antes!”. Pois é, vou citar hoje algumas cantoras que ando ouvindo ultimamente e que, certamente, gostaria de tê-las descoberto há tempos.

JUANA MOLINA

JUANA MOLINA

 

A primeira delas é argentina e começou sua carreira como atriz. Seu pai, Horacio Molina, é um famoso cantor de tango, o que certamente tem influência nas composições de Juana. Mas a cantora escolheu um caminho um tanto diferente para sua música. Harmonizando elementos da música eletrônica, logo em seu 2o disco (ela já possui seis gravados), do pop e da música experimental, a musicista e cantora adquiriu identidade.

Ouvi o seu disco de 2013, intitulado “Wed 21”, e me surpreendi com as batidas, com o punhado de modulação e efeitos nas músicas e pela ousadia de Molina. Algo me lembrou da carreira solo de Thom Yorke (Radiohead). A canção “Bicho Auto” transmite bem o que quero explicar em palavras (veja o vídeo abaixo).

Além da comparação com a música do vocalista da banda inglesa, não poderia de citar a Björk como referência. A música brota de Juana com facilidade. Basta vê-la ao vivo. Ela assume a maestria ao lado de, geralmente, dois músicos que a acompanham. Cercada de equipamentos, grava bases de guitarra, voz ou teclado para criar, aos poucos, sua obra. Mesmo tendo explorado, em sua maioria, sons intimistas e melancólicos, Molina consegue soar também divertida. Sua música é, acima de tudo, inteligente.

Play:

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=FdoVBuNRabQ&t=199%20%20[/youtube]

Vale a pena também conferir o site dela.

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NAI PALM (HIATUS KAIYOTE)

NAI PALM

 

A outra cantora que gostaria de colocar nesta lista veio da Austrália. De voz pouco comum e visual excêntrico, Nai Palm dá o tom para sua banda de instrumentistas antenados, o Hiatus Kaiyote. De sentimentos à flor da pele, Palm pode lembrar Amy Winehouse, um Jeff Buckley “de saia”, ou o duo CocoRosie. Ela e sua banda sabem muito bem passear por estilos. São criativos e se arriscam em fazer música não tão “fácil”. Flertam com o jazz, soul, hip-hop e a música pop. Recomendo o primeiro e único disco da banda, “Tawk Tomahawk”.

O grupo de Nai Palm concorreu ao Grammy 2013, com a música “Nakamarra” (segue vídeo abaixo, que vale a pena também pelas imagens pelo deserto australiano). Além das músicas de alta qualidade gravadas, o Hiatus Kaiyote tem força nas apresentações ao vivo, mesmo que intimistas. Recentemente, um trio de cantores se uniu aos integrantes para formar um backing vocal interessante. Uma das últimas novidades sobre a cantora foi sua participação numa música do DJ, produtor e beatboxer, Taylor McFerrin, filho do cantor Bobby McFerrin. A composição se chama “The Antidote” e está disponível no SoundCloud do músico.

Play:

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=Ozr4KsZBTvQ[/youtube]

Você pode conher mais sobre ela aqui.

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MERRIL GARBUS (TUNE-YARDS)

Merrill Garbus

Por fim, algo que fiquei muito feliz de ouvir/ver nesta última semana: a performance da cantora Merril Garbus e seu projeto Tune-Yards. Obrigado, Wallace Ramos, pela dica! Não pude deixar de acrescentar aqui. É realmente encantadora a forma como é conduzida a interpretação ao vivo dessa cantora e seu trio de mulheres (ver vídeo).

O Tune-Yards lançou recentemente o já elogiado álbum Nikki Nack, um tanto diferente do trabalho anterior que Garburs vinha encabeçando. Mais energético, corporal, orgânico, percussivo e com um excelente trabalho vocal, que lembra o trio de cantoras da banda Dirty Projectors. Garburs explora bem os ritmos e o canto que lembra às vezes um blues primitivo.

Totalmente dentro desse grupo de mulheres de destaque na música contemporânea, Merril canta e se expressa como se estivesse abrindo um caminho interessante e instigante de descobertas.

Play:

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=34hiU_lMTbk[/youtube]

Mais dela aqui

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GLASTONBURY

GLASTONBURY

Ah, não podia deixar de comentar um pouco sobre o Glastonbury, festival que tem o melhor line-up, como sempre (mesmo com o Metallica, OK?). Brincadeiras à parte sobre a banda metaleira, rolou até uma pequena homenagem do Jack White para os californianos.

A convocação do grupo como headliner do festival alterou muita gente. Se fosse no Brasil, o Metallica reinaria. Fiquei um tanto espantado com a decisão da produção do festival, mas mais ainda com a posição de certos músicos e público. Dizem que a banda fez bonito e calou todo mundo. Não duvido. Para quem está por fora, dá uma olhada.

Além da polêmica, o Glastonbury sempre nos deixa muito feliz pela quantidade de vídeo e performances de alta qualidade. Já tem show completo por aí bombando. O primeiro vídeo que vi do Glastonbury foi do quarteto Interpol, que inclusive lançará disco este ano (em 9 de setembro), depois de um tempo parados. Achei que eles estão bem. Fizeram um repertório de classe para o show. Muita coisa do primeiro disco, que eu adoro. Mas é impossível não notar a falta de Carlos D. no baixo. Torço para que façam um álbum legal.

Fica difícil comentar tanta coisa do Glastonbury. Teve MGMT, que inclusive promete show no Brasil ainda este ano; Tune-Yards estiveram presentes; Kasabian; The Black Keys; Blondie; Disclosure; Yoko Ono; Metronomy; e mais um monte de coisa que queria ver…

Além de tudo isso, teve Arcade Fire em mais uma performance primorosa, com direito à bandeira do Brasil ao fundo, máscaras, fogos, ecos, chuva de papel e músicas do “Reflektor”. A brilhante turnê da banda vai chegando ao fim apoteótico. Ficamos tristes, mas recebemos uma notícia boa da banda canadense: começam os trabalhos do próximo álbum.

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PINK FLOYD

pink floyd

A maior novidade deste final de semana: Pink Floyd lançará disco de inéditas em outubro. A notícia, que pegou muitos de surpresa, foi dada pela esposa de Sir. David Gilmour, guitarrista e vocalista da banda. O álbum se chamará The Endless River e começou a ser gravado há 20 anos, ainda com Richard Wright ainda nos teclados. À princípio, as faixas seriam todas instrumentais, mas a cantora Durga McBroom-Hudson, que tem acompanhado o grupo desde os anos 80, revelou em sua página do Facebook que já teria gravado uma música para o mais novo trabalho do grupo inglês. Recentemente, o Pink Floyd relançou o disco Division Bell, o último deles de inéditas, de 1994, já sem o baixista Roger Waters.

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Quem quiser comentar ou enviar algumas sugestão meu e-mail é lucas.benedecti@gmail.com

Até a próxima!