O mês de julho costuma ser um período de ventos mais fortes na região Nordeste. Após o período de chuvas mais intensas, mais comum no primeiro semestre do ano, o período dos ventos fortes acaba trazendo impurezas da rua para dentro de casa. Com isso, aumenta a propagação das infecções virais, com agravamento dos quadros de doenças como asmas, gripes, resfriados, rinites, sinusites, bronquites, amigdalites e faringites.
Diante disso, é preciso ter cuidados redobrados, especialmente as pessoas mais alérgicas e mais suscetíveis a essas doenças, pois o vento estimula a resposta das vias aéreas, provocando reações como rinite, coriza, coceira nos olhos, espirros e tosse. Especialistas alertam: as crianças abaixo de 5 anos merecem atenção maior, pois o sistema imunológico ainda está em formação.
Médica da UPA dá orientações para prevenir essas doenças
“É importante manter o ambiente sempre limpo, evitar o uso de ventiladores ou mantê-los sempre limpos e evitar objetos que podem ser local de propagação de poeira ou mofo, como ursos de pelúcia, cortinas, tapetes e almofadas. Também é necessário ficar longe de locais aglomerados e deixar janelas fechadas. É importante manter o corpo hidratado, manter uma alimentação saudável e praticar atividade física para fortalecer o corpo e ajudar a prevenir essas doenças”, orienta Camila Gondim, médica pediatra da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do José Walter.Se a criança apresentar sintomas como cansaço visível e se ela demandar esforço para atividades básicas como comer, é recomendável levá-la até uma UPA. “Em caso de sintomas mais leves, levar a criança a um posto de saúde é o mais indicado”, recomenda a médica.
Atenção aos quadros mais graves
Embora tenha havido uma redução no número de pacientes internados com quadros respiratórios devido ao fim da sazonalidade do primeiro semestre deste ano, o pneumologista pediátrico do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), Bernardo Rodrigues de Paiva Júnior, alerta que os responsáveis devem estar atentos com a chegada dos ventos fortes.
De acordo com o especialista, pacientes com asma podem entrar em crise. É possível também a evolução dos casos de vírus sincicial respiratório (VSR) para pneumonia, por exemplo. Além disso, se a criança já possuir alguma doença grave neurológica, pulmonar, cardíaca ou renal, dentre outras, bem como sintomas como tosse persistente, dificuldade respiratória, febre alta e outros sinais de agravamento, será necessária uma avaliação médica mais aprofundada.
“Geralmente, o estado geral dos pacientes com síndromes gripais não é grave, embora alguns possam apresentar uma diminuição das atividades e do apetite. Quando a criança não consegue beber água, aceitar medicação oral, ou recusa brincar, tem sono excessivo, vômitos, é preciso uma avaliação mais criteriosa e cuidados adicionais”, ressalta Bernardo.
Para os casos mais leves, alguns cuidados podem ser feitos em casa, como lavar o nariz, oferecer hidratação e alimentação adequadas e realizar o controle da febre com antitérmico, conforme indicação médica.
Em 2022, o Hias realizou, em seu Ambulatório de Especialidades, 4.481 consultas em na área de pneumologia. Este ano, até o mês de maio, foram 2.964, uma média de 343 atendimentos por mês.
Hospital de Messejana atende pacientes com doenças pulmonares crônicas
Idosos, pacientes com doenças pulmonares crônicas ou com condições mais graves também devem reforçar os cuidados. A limpeza do ambiente e a medicação tornam-se indispensáveis. Usar máscara sempre que precisar sair de casa, também é uma recomendação da pneumologista do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), Isaura Espínola.“Os ventos fortes carregam muita poeira, pólen e fumaça, fatores que irritam a mucosa brônquica e aumentam a predisposição a crises, principalmente nos asmáticos e alérgicos em geral. Então, a prevenção dessas crises é tão importante quanto o uso das medicações”, orienta.
Sângela Maria Estevão (44) é paciente do Programa de Asma Grave e de Difícil Controle (Procan), do HM, desde 2004. Moradora do município de Chorozinho, a agricultora conta que neste período do ano, sempre reforça os cuidados. “Perto da minha casa sempre fazem queimadas, então eu evito sair de casa sem máscara e, diariamente, limpo o ventilador para evitar o acúmulo de poeira. A limpeza da casa é feita sempre com um pano úmido e dou preferência a produtos neutros”, exemplifica sobre os cuidados adotados.
Ela conta que atualmente, graças ao uso correto das medicações e às orientações médicas, as crises estão controladas. “Eu ainda tenho algumas crises, mas não precisei mais ficar internada. As crises diminuíram bastante depois que passei a tomar os cuidados”, acrescenta.
A pneumologista Isaura Espínola também orienta os pacientes acompanhados no ambulatório a evitarem o contato próximo com animais domésticos, lavarem as vias aéreas com soro fisiológico, evitarem a exposição aos agentes poluentes, e usarem máscara se forem sair ou praticar atividades físicas ao ar livre. Os pacientes crônicos também devem manter as vacinas contra gripe e pneumonia sempre atualizadas. “Tomando esses cuidados, dá pra evitar as crises, controlar as doenças e consequentemente evitar as internações durante o ano todo”, ressalta.