Um post muito acessado aqui no iMãe é o Meu bebê está batendo em mim, pensando nisso sugeri a nossa colunista, blogueira, mamãe AND psicóloga (mães sempre são muitas coisas, né?), Raisa Arruda, que escrevesse um pouco sobre essa fase pra gente. E ela fez um textinho ótimo. Confere aí!

mãe e filha

 

Meu filho bate, e agora? Tenho uma criança agressiva em casa?
Por Raisa Arruda

 

Quando nascemos, somos instinto, até que as nossas experiências vão marcando em nós a memória, a cultura, a linguagem, e os comportamentos passam a ser contornados, e nossos sentimentos e ímpetos são externalizados de outra maneira, através do que é culturalmente aceito. A criança, então, está no início desse percurso, está adentrando no meio da linguagem, mas até que ela adquira a linguagem como meio de comunicação, seu principal meio de comunicação é o corpo.

Então, devemos ter sempre em mente que até a criança adquirir a linguagem verbal a ponto de conseguir comunicar com clareza seus desejos e vontades (coisa que nem sempre os próprios adultos conseguem), ela vai se comunicar utilizando seu corpo como mediador e linguagem, e a mordida, o impulso de bater, chutar, e até mesmo de autoagressão (muito comum nos momentos de birra) é uma maneira de comunicar algo. Apesar de ser um comportamento que vai ter fim, pois a criança trocará essas atitutes por palavras, se faz importante que os pais dêem à criança outras maneiras de solicitar seus desejos e manifestar seus sentimentos.

A agressividade é importante para o processo de afirmação, ela é força motriz, que com o passar do tempo é canalizada para atividades produtivas e relações diferenciadas, agressividade não significa violência!

Ensinar a criança a disputar seus objetos de outra maneira, ou oferecer outras possibilidades para que ela expanda seus limites à frustração é primordial nesse período de aquisição da linguagem! Durante o perído que vai de 01 e 03 anos (um pouco mais, um pouco menos) a criança se utilizará da agressividade para se firmar enquanto sujeito, e dessa forma, irá bater, moder, chutar, para colocar pra fora aquilo que ela não consegue nomear.

Ensinar a criança que não pode com um tapa, palmada, ou castigo, não vai levar que a criança compreenda seu comportamento errado, pois tapa, palmada e castigos também são atitudes agressivas (!), e a criança que está tentando organizar suas emoções, fica ainda mais desorganizada, e aprende que a maneira de fazer valer sua vontade é através da agressão (ou do grito). O ideal é acolher, escutando seu choro, pedindo para que ela explique porquê está fazendo aquilo, dessa forma, você estimula que ela ao invés de partir para agressividade, ela possa falar a respeito; caso a criança ainda não consiga se expressar através da fala ainda, os pais precisam ficar atentos e compreender quais os motivos que levam os filhos a agirem de tal maneira, o que frustra a tal ponto, e começar a mostrar outros objetos e possibilidades de ação, se a criança esperneia porque quer algum brinquedo, pode-se levar ela para fazer outra coisa, que ela vai esquecer o brinquedo, e vai perceber que existem outras mil possibilidades de ação, e de desejo! A atitude e o acesso de raiva duram pouco, e é natural no processo de desenvolvimento da criança! Outra coisa que os pais podem fazer é antecipar, se você já sabe que a criança vai bater, conter, sem força, sem violência, conter a mão, antes de bater, conter o corpo antes de chutar ou morder, com afeto, e explicar que não pode. Os pais devem estar atentos com o cotidiano familiar, pois a própria família, sem perceber, só consegue se relacionar através de posturas agressivas, brigando, xingando, e a criança aprende que essa é a maneira possível de se relacionar.

Outra coisa que pode contribuir para comportamentos agressivos são incentivos à competição, que normalmente começam na escola, e que quanto mais se ensina a competir, e não a cooperar ou compartilhar, a criança que não alcança determinados resultados naquele momento, além da frustração, sente-se inferior, e poderá ter o ímpeto de destruir o que a faz se sentir dessa maneira. E além disso, espaços e momentos durante o dia que possibilitem a brincadeira, inclusive durante a escola e atividades escolares, para que ela possa externalizar sua agressividade através do simbólico, e não sinta necessidade de passar para ação no seu dia a dia. A brincadeira da criança não pode ser o tempo inteiro direcionada, ou passiva, no brincar a criança deve ter liberdade de criar, inventar histórias e personagens, inventar instrumentos, e permitir que a agressividade se dilua, quanto mais a criança tem possibilidade de brincar, mais ela vai dissipar energia, e perceber que sua energia pode ser investida em outras coisas que trazem mais alegria.

Qualquer dúvida ou orientação, você também pode buscar ajuda de profissionais para esse tipo de aconselhamento e orientação! Lembrar que tentar coibir esse comportamento com violência se incentiva à essa agressividade, que poderia ser força motriz, energia para atividades lúdicas, criatividade, produtividade, se tornar comportamentos violentos no futuro!

Contatos:
Raisa Arruda
Psicóloga Clinica/Escolar
CRP 11/07646
raisaarrudapsi@gmail.com
(85) 99221192
http://mamaepsicologa.wordpress.com
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About the Author

Carol Bedê

Jornalista. Mãe da Laís e do Vinícius. Já quis ser muita coisa...depois de terminar a faculdade de letras, uma especialização e a faculdade de comunicação social (jornalismo), de uma coisa tive certeza: o que eu quero mesmo é escrever. Já escrevi sobre muitos assuntos. Tentei até fazer poesia, mas nunca achava que conseguia. Depois de ser mãe resolvi escrever sobre ser mãe, sobre bebês, sobre crianças e sobre esse mundo. E só agora acho que consigo fazer poesia.

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