O então presidente Lula, o ex-ministro Celso Furtado e o então ministro Ciro Gomes conversam na sede Banco do Nordeste, em Fortaleza, no dia 28 de julho de 2003 (Agência Brasil – ABr) – (foto: Marcello Casal Jr – ABr )

Rio de Janeiro – Em junho de 1961 o economista americano Douglass North visitou o Brasil por três semanas. Veio em missão organizada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV). A missão de North era avaliar os planos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) para o Nordeste. Isto incluiu um encontro com Celso Furtado e uma passagem controversa por Fortaleza.

Além do “meeting”, fazer palestras sobre crescimento regional e avaliar o ensino de economia no Brasil. O diálogo virou um ensaio. “O Encontro Entre Douglass North e Celso Furtado em 1961: visões alternativas sobre a economia nordestina”, de Mauro Boianovsky e Leonardo Monasterio, pode ser lido aqui.

O ensaio revela que North passou dois dias em Fortaleza. Na Cidade, consultou diversos técnicos, deu seminário no Banco do Nordeste e visitou a Universidade Federal do Ceará (UFC).

No BNB sentiu clima de hostilidade. “Os presentes teriam insistido na importância da industrialização a despeito das ineficiências apontadas por North, tal como o alto custo da energia elétrica. e a ausência de mão de obra qualificada. Ele percebeu uma forte identidade regional e sentimento antiamericano”, conta o ensaio.

Já na UFC, diz o texto, North se animou com o entusiasmo de todos e levou uma visão mais positiva , o que resultou na sua recomendação de que a universidade tivesse apoio da International Cooperation Administration (ICA), órgão antecessor da United States Agency for International Development (USAID).

Como descrevem os autores, o ensaio trata do “encontro” entre North e Furtado no sentido amplo do termo. Noutros termos, não apenas o 20 de junho de 1961, mas também o encontro entre as suas respectivas ideias sobre como desenvolver a economia nordestina.

É baseado em material inédito formado por documentos originais que se encontram na coleção “Douglass North Papers” da Duke University Library.

Aliás, havia uma divergência: os papeis da superpopulação (enfatizado por North) e do custo regional de produção de alimentos (enfatizado por Furtado) como obstáculos ao desenvolvimento do Nordeste. “Tal argumento de Furtado tem tido caráter controverso na literatura econômica brasileira”, mostra o ensaio.

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Jocélio Leal

Editor-chefe dos núcleos de Negócios e Economia do O POVO- POPVeículos/ POP Imóveis e Construção/Empregos& Carreiras/ Editoria de Economia/ Colunista de Economia e Política no O POVO/ editor-executivo do Anuário do Ceará desde 2001/ Apresenta flashes do Blog nas rádios O POVO-CBN e Nova Brasil FM/ Apresentador da TV O POVO (Canal Futura)

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