Quarentena
Por Zélia Sales
Para Renato Pessoa
A rua está vazia
Há uma casa, o muro baixo
Uma janela, a cortina recuada
O poeta escreve
Não há mais saraus
Não há mais aulas.
No Conjunto Ceará
No Benfica
As ruas estão vazias
Os bares estão fechados
A Lamarca está fechada
Tudo é silêncio e medo.
Mas dentro do seu peito
São tantas vozes
Sua alma grita
O poeta sofre e ama e teima
Insiste em cavar
E todo dia ele morre.
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Zélia Sales
Já fez algumas conquistas na vida e diz que uma das mais ousadas é escrever, publicar, chegar ao leitor, que é sua maior motivação. É formada em Letras e atua na formação de leitores em escolas públicas. Nas voltas que o mundo deu, virou também dona de casa, esposa, mãe, escritora. Enquanto escreve, corrige redações, refoga um frango, procura os filhos pelo Whatsapp. Acredita que escrever é assumir uma conduta subversiva. Ela integra o livro Relicário – produção comemorativa pelos 30 anos do caderno Vida&Arte.
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