A atriz, poetisa e declamadora paraibana Vitória Rodrigues é apresentadora do programa Cordel da Gente, do GNT, ela mediará o painel “Cordel e identidade poética feminina”, no Auditório do Sebrae Ceará, no dia 26

A primeira edição da Festa da Literatura de Cordel (FLIC): Oralidade, Educação e Economia Criativa tem como foco um público com diversos perfis. Jovens, estudantes de nível básico a universitários, adultos e quem mais se entender como amante da cultura popular e da literatura de cordel – ou, pelo menos, melhor quer conhecê-la – estão convidados para o evento, programado para ocorrer em diferentes pontos de Fortaleza nos dias 26 e 27 de outubro.

A iniciativa tem como objetivo enaltecer o cordel e parte de uma colaboração entre o Sebrae Ceará e a Academia Brasileira de Letras (ABL). A FLIC ocorrerá em diferentes pontos da cidade, incluindo espaços do Sebrae Ceará, da Academia Cearense de Letras (ACL), da Estação das Artes e do Kuya – Centro de Design do Ceará.

O evento contempla a literatura de cordel e a cultura popular nordestina em diversas frentes, abordando o gênero literário em seus múltiplos aspectos, como a tradição da oralidade, a educação e a geração de negócios na economia criativa. As inscrições para participar são gratuitas e podem ser efetuadas aqui.

Programação

Nesta primeira edição, as atividades programadas incluem painéis de discussão com especialistas, apresentações de poetas, sessões de cantorias, saraus, oficinas, exibição de vídeos e documentários relacionados ao tema, além da realização da Feira Popular, que contará com a exposição de cordéis e seus respectivos autores. A programação completa e detalhada pode ser acessada aqui.

Apesar do pioneirismo da FLIC, a ideia é que, no futuro, ocorram outras edições do evento, adianta a gestora estadual de Economia Criativa do Sebrae/CE, Cattleya Guedes.

Força feminina

Participarão do FLIC como convidados artistas da cultura popular não só do Ceará, mas de outros estados do Nordeste. A atriz, poetisa e declamadora paraibana Vitória Rodrigues é uma delas. Apresentadora do programa Cordel da Gente, do GNT, ela mediará o painel “Cordel e identidade poética feminina”, no Auditório do Sebrae Ceará, no dia 26. Ela descreve a oportunidade como “uma exaltação da força feminina dentro da literatura popular através do cordel”.

“Esse evento é de uma importância imensa para o fortalecimento da mulher cordelista em sua batalha diária. Digo isso porque quando a gente exalta o papel da mulher poetisa, principalmente na literatura popular, a gente exalta também todas as outras poetisas que vieram antes de nós”, diz Vitória.

A artista diz enxergar no cordel uma expressão política. “Eu não consigo enxergar o cordel como outra coisa que não uma das principais ferramentas de empoderamento feminino, pois são nossas palavras e vozes dizendo poeticamente o que precisa ser dito”, opina.

“Quando junta mulheres para falar ainda mais sobre isso, sobre suas potências, sobre sua poesia, sobre literatura, isso é muito enriquecedor e eu acho que o público pode esperar exatamente isso. Poesia, história, força e potência que vem de nós, de dentro de nós, mulheres, que é todo afeto gerado nesse mundo”, adianta a poetisa.

Vitória Rodrigues também vai recitar um poema com a mesma vertente da temática do painel que mediará. “Vai ser uma honra recitar essa homenagem que fiz à força feminina, que tanto acredito e sou grata em cada passo que me move”, compartilha.

Economia criativa

A FLIC também enfoca a geração de oportunidades na economia criativa. A realização do evento está inserida no âmbito do projeto de Economia Criativa do Sebrae na região Nordeste, cujo objetivo é apoiar o desenvolvimento e o fortalecimento dos pequenos negócios criativos na região.

Nesse sentido, uma Feira Popular está programada para ocorrer no segundo dia de evento no Kuya – Centro De Design do Ceará. A Feira consiste na exposição de cordéis e seus autores, espaço de leitura e painel FLIC (LED animação com programação).

A paraibana Anne Karolynne é uma das que exporão suas produções na Feira Popular. Seus cordéis versam sobre a identidade e cultura nordestina, o mundo infantil e temas voltados para o feminino, a sociedade e a saúde individual e coletiva.

A microempreendedora compartilha a fórmula de como cordelistas podem transformar sua paixão pela arte do cordel em empreendimentos bem-sucedidos na economia criativa.

“Transformar a arte do cordel em empreendimentos é formalizar um trabalho que se faz de forma genuína. É buscar recursos para profissionalizar, sistematizar o atendimento ao cliente, organizar a proposta de produtos e serviços oferecidos e estar sempre atenta às demandas vindas do público”, diz.

Além da Feira, a programação da FLIC conta com o painel “A riqueza do cordel – um olhar para a economia criativa”, a ser realizado no Auditório do Sebrae Ceará, contando com a participação de Patrícia Mayana (Sebrae Nacional), Danielle Abreu (Sebrae Maranhão) e Vinícius Lages (Sebrae Alagoas).

O que é o cordel? 

Apesar de o evento enaltecer o cordel, muitas pessoas não estão familiarizadas com o gênero literário e sua origem. Tradicionalmente, esses folhetos são expostos em cordas a partir da fixação de suas folhas com pregadores (ou prendedores) de roupa – daí o termo “cordel”.

A oralidade é outra característica marcante da literatura de cordel, já que esses poemas eram originalmente declamados ou cantados pelos poetas populares em feiras, praças e outros locais públicos.

A história do cordel também está relacionada com a educação das populações do interior do Nordeste brasileiro. Para muitas das pessoas mais afastadas dos grandes centros urbanos, os folhetos foram instrumentos utilizados no processo de alfabetização, marcando os primeiros contatos com o universo da leitura. Ainda hoje, o gênero cordel é amplamente utilizado na alfabetização de crianças em escolas nordestinas.

Em geral, os folhetos são ilustrados com xilogravuras. A união dessas expressões resulta numa linguagem artística tipicamente nordestina. Abrangendo uma variedade de temas, incluindo críticas sociais, políticas, romances e histórias, o cordel desempenha um papel relevante no fortalecimento da cultura local.

Realização

A FLIC recebe apoio da Academia Cearense de Letras (ACL), do SESC e do Governo do Ceará, através da Secretaria da Cultura, bem como do Instituto Mirante de Cultura e Arte, da Estação das Artes, do Kuya – Centro de Design do Ceará e do Mercado Alimenta CE.

A realização do evento é um desdobramento das ações decorrentes do acordo de cooperação técnica celebrado entre o Sebrae/CE e a Academia Brasileira de Letras (ABL) em outubro do ano passado. Essa parceria tem como meta contribuir para o fortalecimento do ecossistema socioprodutivo e cultural da literatura de cordel na região Nordeste.