Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, criador do Pirambu Digital, uma das mais bem sucedidas experiências no Brasil em cooperativismo para a tecnologia de informação, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Ceará e ex-secretário do Ministério das Comunicações.
É Mauro Oliveira. E ele tem duas ou três coisas para falar a respeito do set-top box [conversor para a TV digital], do Ginga, invenção brasileira, que vai permitir a interatividade na TV digital e sobre a própria. O Ginga é um Middleware [espécie de software] sobre os quais rodam outros programas. No caso, ele permitirá o funcionamento de programas que permitirão diversos modos de interatividade.
Para começar, Mauro diz que quem está comprando hoje o set-top box [também chamado de “zapper”] para transformar a TV analógica em digital, obterá apenas melhores som e imagem, pois os aparelhos vendidos [cerca de R$ 300] não vêm com o Ginga.
“Quem comprar agora terá de comprar outro quando a interatividade chegar”, alerta Mauro.
Mauro diz que com o Ginga, a interatividade vai transformar a televisãos em um computador, integrado à internet. Por isso, diz, as grandes redes de televisão desprezam as possibilidades da interatividade, pois isso pode “quebrar o modelo de negócios” da televisão aberta.
“Quem vai assistir a um programa chato se pode passar imediatamente ao YouTube com um clique no controle remoto?”, pergunta Mauro, mostrando uma das possibilidade da TV do futuro.
Mauro Oliveira diz que o desinteresse das grandes redes pode atrasar a interatividade, mas que a chegada do novo é inevitável.
Entre as possibilidade da interatividade, Mauro Oliveira cita algumas:
1. A possibilidade de se fazer compra via TV, como hoje se faz pela internet;
2. Verificar o resultado da classificação de um campeonato esportiva ou de uma corrida, enquanto a disputa transcorre;
3. Votações e plebiscitos ou “decidir se alguém vai para o trono” em programas de variedades;
4. A possibilidade de passar e-mails via TV;
5. Abrem-se amplas possibilidades para diversos modos de ensino à distância.
Pela importância que vê na televisão interativa, Mauro diz que isso deveria ser encarado como política pública, com subsídios para a compra de set-top box com o Ginga, e com o início da produção de programas interativos pelas TVs públicas.
Para Mauro, esse seria um modo de levar a que as TVs comerciais investissem na interatividade.
Uma dúvida que já tenho há algum tempo é se não é possível fazer com que, quando o Ginga seja lançado, as pessoas possam simplesmente fazer um upgrade sem ter de comprar um conversor novo.
E essa tecnologia poderia também ser utilizada para ataualizações de firmwares e outros softwares dos aparelhinhos. Deve ser possível, mas não faço ideia da viabilidade econômica e estrutural ou se isso já ocorre em outros lugares.
É preciso enfrentar o lobby das fabricantes, que hoje produzem poucos conversores pra vender as caríssimas tevês com conversores embutidos.