A Rede Record acaba de comprar o documentário “Muito além do Cidadão Kane” (“Beyond Citizen Kane”) por menos de 20 mil dólares, segundo a Folha Online.
O uso que a Record fará do filme está mais do que explícito: a guera com a Globo, que hoje galvaniza a atenção do público e de especialistas em comunicação.
Transmitido pela primeira vez em 1993, no Reino Unido, o filme mostra o empresário Roberto Marinho (1904-2003) como ícone da concentração da mídia no Brasil. Essa é a referência a Charles Foster Kane, magnata das comunicações vivido pelo cineasta Orson Welles em “Cidadão Kane” (1941).
Simon Hartog, diretor da obra, morreu em 1992, antes de o trabalho ser exibido. Seu produtor John Ellis se tornou a partir daí o responsável pelo projeto. Ellis deteve, até o começo dessa semana, o direito de exibição do filme em TV aberta no Brasil, agora na mão da Record.
A produtora independente fez o longa para o canal britânico Channel 4, responsável por sua transmissão (a BBC nunca teve qualquer ligação com a produção, diferentemente do que a própria Record insiste em divulgar).
Em entrevista ao caderno “Mais!” (da Folha de S. Paulo) publicada em fevereiro do ano passado, Ellis revelou que tanto Globo quanto Record tentaram comprar os direitos do filme nos anos 90 – a primeira para engavetá-lo, a segunda para exibi-lo. Ellis disse também que o documentário nunca foi proibido ou embargado pela Justiça brasileira.
Em outro trecho da entrevista à Folha no ano passado, este inédito, Ellis criticou o envolvimento da Iurd com a Record: “Por que uma igreja deveria gastar seu dinheiro desse modo [em TV] quando há muitos assuntos urgentes que merecem seu dinheiro e atenção? Como eles respondem a isso?”, questionou à época. (As informações e trechos foram reproduzidos de matéria da Folha Online.)
Entre os entrevistados no documentário estão:
Leonel Brizola (22/1/1922-21/6/2004): “[Roberto Marinho] é uma espécie de Stálin das Comunicações no nosso país: quem não concorda com ele, ele manda para a Sibéria. A Sibéria do gelo; a Sibéria do esquecimento.”
Chico Buarque: “Roberto Marinho é a força política mais importante do país. Nada se faz sem consultar o dr. Roberto Marinho. É assustador.”
Lula (então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo): “A Globo só mentia a respeito da greve; não dava o número de participantes correto; não dava as nossas deliberações corretas. Ela só informava sobre os interesses patronais. Um exemplo: a Globo entrevistava o Lula, falando em nome dos trabalhadores, e entrevistava o Mário Garnero falando em nome dos empresários. No dia da entrevista, só aparecia o Mário Garnero e não aparecia o Lula.”
Lula (em outra parte, em trecho do programa eleitoral do PT de 1989, em discurso enfezado): “E por que que não mostra? Por que o sistema que predomina neste país é um sistema arcaico, onde a minoria pode tudo e a maioria não pode nada.”
O documentário também reproduz trechos do debate entre Collor e Lula e acusa a Rede Globo de ter manipulado a edição em favor de Collor.
Armando Nogueira (então chefe do Departamento de Jornalismo da Globo sobre o compacto do debate apresentado no Jornal Naciona): Diz que “protestou” diretamente com Roberto Marinho criticando a edição do debate, que ele considerou “burra”. Afirma que não viu o compacto antes de ter ido ao ar.
Lula (nos minutos finais do filme): “Democracia pressupõe liberdade de comunicação, liberdade de expressão. E não havrá liberdade de expressão se os meios de comunicação não forem democratizados. Se você tem um instrumento de comunicação, que por dia, fala com 60, 70 milhões de pessoas, e o controle das mensagens é feito apenas por uma equipe ordenada ideologicamento por um senhor (Roberto Marinho), eu penso que se está descaracterizando qualquer possibilidade de democracia.”
O filme termina com uma pergunta retórica, enquanto baratas cobrem o rosto de Roberto Marinho e o logotipo da Globo, ao som do “plim plim”:
“A Globo começou a dominar a televisão no Brasil durante a ditadura militar. Manteve o silêncio sobre as verdade daquele regime. Agora, está começando a falar mais. Mas será que a Globo e Roberto Marinho podem realmente se libertar dessa herança? Ou será que o Brasil deveria libertar-se da dominação da Globo?”
O perigo é “libertar-se” da Globo e cair nas afiadas garras dos bispos da Record, especialistas em ludibriar a boa-fé de almas simplórias, inclutindo-lhe o fanatismo, enquanto cultuam o deus-dinheiro e cobiçam o poder terreno.
O documentário tem 93 minutos de duração e está disponível no Google vídeos.
(Ilustração: O diabo original? – de Hélio Rôla)
Enquanto esta querela é transportada para a TV aberta e prendem a atenção de público e ‘especialistas’, como acusa a matéria acima, as duas redes se alinham no momento de barganha política. Enquanto a gente discute o passado das redes e suas ligações perigosas, elas renovam suas respectivas concessões nos principais centros urbanos do país. Globo e Record aguardam só assinatura de Sarney, porque o Senado já aprovou a renovação de suas concessões! Nada contraditório! (risos)
“…O BRASIL TÁ MATANDO O BRASIL … DO BRASIL S.O.S. AO BRASIL…” (Da música de Sergio Natureza)
A fé é uma necessidade humana, um traço comportamental selecionado no decurso de nossa evolução porque era adaptativo. Pessoas com fé e otimistas vivem mais e adoecem menos. Por outro lado, nossa longa história registra uma longa manipulação da fé para os mais nojentos própositos. Não vejo saída para esse ciclo.
Sempre haverá cínicos e ingênuos, sempre haverá desigualdes na distribuição de poder e sempre haverá quem fará prevalecer seus interesses. O filósofo John Gray sintetizou esse imbróglio numa frase: “nenhum projeto político poderá nos redimir de nossa condição animal”… ABRAÇOS, Plinio…
Prefiro uma ditadura da imprensa a uma ditadura religiosa, mesmo esta sendo falsa, já que busca na verdade o dinheiro dos fiéis.
Puxa, mas nem Richard Dawkins compartilha da ideia de que a fé é um traço inerente à evolução humana, muito menos uma necessidade. Ele a vê como uma chaga.
O judeu Freud é que via na figura “deus” um apelo à figura paterna, ou seja, a psiqué era responsável por isso.
Bom, percebendo a ascendência dele, esse fato é um conta-senso assombroso, uma vez que o maior legado do povo judeu à humanidade foi o seu peculiar monoteísmo, brotado em meio a povos politeístas, muitos dos quais nem se tem mais descendência.
Voltando ao tema, a fé passa ao largo de toda esse mixórdia.
A Iurd é divorciada da doutrina cristã.
a Rede Globo é divorciada dos interesses desse país.
Cada uma, a seu tempo, coopera para a bestialização e alienação do homem nascido nessas terras do Brasil.
Feliz cada novo dia…
Blogueiro fez uma mistura, de lascá, com fé e ditadura na imprensa, esse post é totalmente tendencioso. A globo manda e desmanda aqui e ainda tem gente que a defende. por isso que a imprensa no Brasil é a única das 100 nações mais rica do mundo que não tem uma lei da imprensa.
Chegou a hora de o povo brasileiro abrir o olhos e ver que a globo so ataca a UNIVERSAL para chegar a sua principal concorrente a RECORD que esta a cada dia mais expandindo e consequentemente daqui a pouco atingira o seu APOGEU diferente da globo que esta em declinio. Esse documentario e excelente e mostra como uma rede conseguiu atingir milhoes de individuos, o problema e que as pessoas nao param para pensar nao procuram buscar a verdade sobre as acusaçoes armadas contra a universal, elas sempre acabam arquivadas por falta de provas. NA verdade a globo tem MEDO .