Divulgada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo [veja na Folha Online], a pesquisa do Datafolha pode ser considerada a primeira a trazer um retrato importante do que pode vir a ser a campanha presidencial de 2010.
De quebra, mostra que o “fator Ciro Gomes” ganha relevância, não mais como uma candidatura incômoda, a ser afastada pelo PT, mas o contrário. A pesquisa fortalece o argumento dos irmãos Gomes [Cid e Ciro] de que a candidatura do PSB seria crucial para garantir o segundo turno de um candidato do “projeto político” levado a cabor pelo governo federal. Para eles a vertente plebiscitária, majoritária entre petistas, é de risco, sendo mais seguro ter dois candidados da “base aliada” ao Planalto.
A vontade petista – como se sabe – é da eleição “plebiscitária”, polarizando-se dois candidatos: Dilma Roussef [PT] e José Serra [PSDB]. Cada um representando os feitos de seu respectivo partido. Na verdade, a comparação dos oitos anos do governo Lula ao mesmo lapso de tempo da presidência de Fernando Henrique Cardoso.
O resumo da pesquisa é o seguinte:
José Serra mantém os 37%; Dilma consolida-se em segundo lugar com 23%; seguindo-se Ciro Gomes [13%] e Marina Silva, PV [8%]. Mas o “x” da questão é este: quando se retira Ciro Gomes da lista de candidatos, Serra sobe para 40%, Dilma cai para 26% e Marina sobe para 11%, com as duas candidatas somando 37% – insuficientes para um segundo turno.
Assim, juntando-se a pesquisa com a saída de Aécio Neves da disputa, é fora de dúvida que a candidatura de Ciro Gomes ganha dimensão maior, quando menos, nas negociações entre os partidos.
É fato que muita gente ainda não vinculou a candidata Dilma Roussef a Lula – que aparece nas pesquisa com a aprovação recorde de 72%. E que, certamente, a campanha petista repisará que Dilma é a continuidade de Lula – e que não votar nela representaria o “retrocesso” ao projeto tucano, e o retorno de FHC, por meio de Serra.
Dilemas
No entanto, a permanecer assim o quadro algumas dúvidas vão atormertar as hostes do PT. O que seria melhor:
1. Cid Gomes na campanha, fustigando Serra, tirando votos dele e de Marina?, ou
2. Com a ausência de Ciro, ver naufragar a tese plebiscitária com Serra decidindo a parada no primeiro turno?
Ainda o PT terá de levar em conta o seguinte:
a) Se Ciro ficar fora da disputa presidencial, qual será o ânimo dele para ser um cabo eleitoral de Dilma?
b) Se Ciro entrar na disputa não haveria o risco [para o PT] de ser ele o candidato a ir ao segundo turno representando o “projeto político” do governo?
c) Mesmo sem Ciro, Marina Silva também pode desarrumar a tese plebiscitária, pois tenderá a aparecer como uma “terceira via”.
A propósito, pela pesquisa, Serra venceria tanto Dilma quanto Ciro no segundo turno.