Hélio Rôla

Neste domingo ofereço a vocês mais uma Rolanet, com a visão corrosive do artista plástico Hélio Rôla, autor do título, do texto e da ilustração:

«Achei curioso ouvir de um filósofo poeta que toda fundação precisa de um cadáver fresco… Rômulo e Remo, irmãos gêmeos, “filhos da loba” e de seus respectivos grupos de pressão, PR1 e PR2 estavam acampados, numa espécie de pic-nic dialético, cada um na sua locação estratégica esperando por avisos dos céus que sinalizariam quem seria o Rei de Roma…

Eleição e contagem de votos: primeiro vieram 6 abutres que ficaram planando sobre a sede do PR2 e, movidos por grande exaltação todos gritavam, sem parar… Remo é o Rei, Remo é o Rei… quando, de repente, uma nova formação aérea, alguns minutos atrasada, se aproximou e desta feita 12 abutres passaram a sobrevoar a sede do PR1 e, tal qual como aconteceu no outro partido, todos gritavam Rômulo é o Rei, Rômulo é o Rei… Os Remistas reclamavam dizendo que os abutres deles tinham se aproximado primeiro, enquanto os Romulistas diziam que o que valia não era a precedência no tempo e sim o número deles, e eles contavam 6 abutres a mais, sinal dos céus e dos tempos e pronto!..

Dizem que daí em diante as coisas degringolaram e “a la Hooligans” deu-se o maior pau entre as duas facções… ao final Remo jazia morto aos pés de Rômulo eleito por conta disso Rei de Roma… desde então irmão mata irmão para ser rei ou superintendente de uma dessas empresas que corroem o mundo… ou mesmo um cargo secundário de chefia em alguma repartição pública sem janela para o mar nem para o mundo… Como não existe poder bondoso, o eleito é sempre responsável pela morte de algum dissidente ideológico… enquanto ele mesmo, ironicamente, morre no dia da sua eleição… só pode ser uma praga bem jogada que pegou…

Enfim, e o pior é que não somos governados por ninguém, salvo por esse ódio sistêmico e destrutivo que emana de todo poder…à direita ou à esquerda.

Saudações da pARTE do Hélio Rôla»

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