Meu artigo semanal publicado na edição de hoje (9/12/2010) do O POVO.
De luz e sombras
Plínio Bortolotti
O site Weakleaks, que virou sinônimo de preocupação para governos de vários países, divulgou também informações que fazem referência a Fortaleza, como se pôde ver na edição de terça-feira deste jornal. Os cabos submarinos de telecomunicação, que passam pelo Ceará e conectam o Brasil aos Estados Unidos, conforme revelam os documentos, seriam “instalações sensíveis” para os americanos, pois poderiam se tornar alvo de terroristas, por isso o temor.
“Wiki”, na linguagem da internet virou sinônimo de interatividade e de sites e portais colaborativos – em que se pode construir desde uma informação até uma enciclopédia online, “em que todos podem editar”, como é o caso da Wikipedia.
O Wikileaks apropriou-se do prefixo, mas não se configura exatamente como um portal de “conteúdo aberto”. A especialidade é vazar (“leak”, em inglês) documentos secretos de grandes empresas e governos, ultimamente, principalmente do governo americano.
Foi em 2007, com a divulgação de um vídeo mostrando um helicóptero americano no Iraque fuzilando civis desarmados que o Wikileaks ganhou destaque mundial.
Esta é a forma de operar do Wikileaks: recebe documentos secretos, preserva a fonte que os repassou, e divulga as informações brutas. O papel de classificá-las e ordená-las tem sido de grandes jornais ao redor do mundo, como New York Times (EUA) The Guardian (Reino Unido), El País (Espanha), Le Monde (França) e a revista Der Spiegel (Alemanha).
É inegável a importância e é fascinante o desvelamento das operações da diplomacia americana. Não restam dúvidas de que a transparência deveria ser a obrigação número um de qualquer governo democrático.
De outra parte, iluminar os desvãos do poder é uma das tarefas primordiais do jornalismo – e creio que, no caso, vem cumprindo bem esse papel. Mas qual é o limite de claridade para que ela não passe a cegar? Creio que essa também pode ser uma pergunta pertinente no momento.