Arte: Hélio Rôla

Meu artigo publicado na edição de hoje (17/3) do O POVO.

Guarda Municipal ou guarda pretoriana?
Plínio Bortolotti

O mérito sobre quem tem razão na polêmica sobre o aumento das passagens de ônibus, não vou entrar nele.

Quero falar da agressão estúpida da Guarda Municipal contra estudantes, liderados pelo DCE da Universidade Federal do Ceará, que protestavam contra o aumento das passagens, no show de encerramento das comemorações do carnaval, no Aterrinho da Praia de Iracema. Para ficar no clima do evento patrocinado pela Prefeitura os agentes públicos deram seu show particular: de truculência. Tentativa de arrancar a faixa de protesto das mãos dos estudantes, spray pimenta e golpes de cassetetes, que, nas mãos dos guardas municipais se chamam “tonfas”, a “madeira de dar em doido”, devem pensar eles.

Quero dar um testemunho. Em fevereiro do ano passado, estive em um show patrocinado pela Prefeitura no Aterrinho – no qual os estudantes também faziam um protesto. Eles o fizeram pacificamente e com educação, levantando a faixa apenas nos intervalos ou por poucos segundos durante o show, de modo a não atrapalhar os espectadores (veja aqui).

Por diversas vezes no meu blog tenho feito alertas sobre a crescente militarização da Guarda Municipal, que parece estar “evoluindo” para uma guarda pretoriana, se for correta a versão dos estudantes de que a ação policial tinha o caráter político de impedir o protesto.

E fica fortalecida a versão dos estudantes se a única justificativa para as agressões for aquela oferecida pelo “comandante” da Guarda, Arimá Rocha, a de que a faixa estaria atrapalhando uma das câmeras de monitoramento. Isso não é argumento, é desculpa.

Mas ele ainda complementou dizendo que houve “exasperação” (só não falou de qual parte), devido ao horário avançado da festa. A minha sugestão é que para evitar tais problemas, no próximo carnaval a Prefeitura promova uma vesperal para as crianças, mas vamos torcer para que nenhuma delas leve faixa protestando contra a falta de creches.