Meu artigo publicado na edição de hoje (15/9/2011) do O POVO.
As instituições e o que delas fazem
Plínio Bortolotti
A exemplo da professora Sandra Helena, por seu escrito recente, também não estou entre os que criminalizam a política ou atacam genericamente os políticos, de modo a desclassificá-los todos.
O exercício da política e o desempenho regular dos três poderes são essenciais à democracia. Deixar que caiam esses mecanismos no descrédito favorece os aventureiros e os liberticidas.
Por outra vista, preservar o interesse público e a ética deveria ser o dever número um dos integrantes dessas instituições. Infelizmente, não é o que se vê. Por isso, mesmo que não se justifique, é explicável o desprezo que as pessoas a elas devotam.
A impressão geral é que cada uma das instâncias citadas vive de si e para si, de modo a favorecer somente os ungidos a essas corporações. Assim, de meio para alcançar um objetivo nobre – o bem comum -, elas se transformam em fim em si mesmas.
No Congresso Nacional, parece se impor o interesse privado dos parlamentares sobre o problemas dos cidadãos comuns. Nos ministérios, a corrupção enriquece certos funcionários e ministros. O mesmo enredo pode ser transposto para estados e municípios.
No Judiciário, com ministros do STF ganhando R$ 26,7 mil por mês, valor acrescido de outros benefícios legais, ensaiou-se uma revolta pelo fato de o orçamento do governo federal não prever aumento para os magistrados. A presidente Dilma Rousseff precisou enviar ao Congresso Nacional adendo ao orçamento de 2012, prevendo reajuste de 14,7% para acalmar suas excelências.
Assim, ao tempo que os democratas têm o dever de defender tais instituições, têm também o direito de chamar às falas os seus integrantes, para que ponham o interesse público acima de suas conveniências pessoais.
Se assim não fizerem, preparam-se para protestos parecidos com os da Europa. Depois, de nada vai adiantar classificar os manifestantes como “baderneiros”.
(A propósito, também fora do grupo que acredita que temos agora mais corrupção. A meu ver, aumentou a sua exposição.)