Me artigo publicado na edição de hoje (15/3/2012) do O POVO.

Foto de Drawlio Joca. Veja mais em http://www.flickr.com/photos/drawliojoca (clique para ampliar)

A política dos observadores de nuvens
Plínio Bortolotti

A coluna “Política”, assinada pelo jornalista Érico Firmo (edição de ontem), retoma assunto que abordara no dia 29/2. Caso não houvesse acordo para que o governador Cid Gomes (PSB) apoiasse o candidato do PT à prefeitura de Fortaleza, previa Érico, a prefeita Luizianne Lins e seu partido pulariam imediatamente para a oposição ao governo do Estado.

A análise de Érico confirmou-se com a declaração da prefeita à TV Diário, afirmando que, em caso de rompimento da aliança, o “processo natural” seria o seu partido começar a fazer oposição ao governo de Cid Gomes. Em uma situação desses, parece óbvio, o governador e seus correligionários, se voltariam contra a administração municipal.

Portanto, mesmo se sabendo que a política – pelo menos a que se nos apresenta -, se move pelas circunstâncias e não pelas convicções, é lícito perguntar: o atual arranjo que administra, tanto o estado quanto o município, guia-se pelo interesse privado-corporativo (isto é, partidário) ou pelo interesse público?

É de se supor que Antônio Carlos, líder do governo na Assembleia Legislativa (PT), tenha entendimento sincero de que Cid Gomes é um bom administrador. E, vejam, ele não é só petista: compõe, dentro do PT, a corrente Democracia Socialista, a mesma da prefeita. Consoante com o seu papel do líder, ele está na linha de frente na defesa das ações do governo do Estado. O que Antônio Carlos fará amanhã? Assumirá o papel de líder da oposição, para combater hoje o que defendia ainda ontem?

E o governador Cid Gomes? Como vai explicar o seu oposicionismo à administração municipal? Dirá que estava enganado o tempo todo? Ou que suportou o PT, temendo que a reconhecida competência do partido em fazer oposição pudesse prejudicar a sua administração?

Ou todos apelarão para a máxima do político mineiro, Magalhães Pinto, que costumava dizer: “Política é como nuvem, você olha está de um jeito; olha de novo, já mudou”.

De qualquer modo, não parece uma lógica tortuosa?