Meu artigo publicado na edição de hoje (17/5/2012) do O POVO

Foto: Drawlio Joca (clique para ampliar)

O SUS, as crianças e o HGF
Plínio Bortolotti

Reportagem publicada na edição de ontem mostra a situação dramática em que se encontra o atendimento médico-pediátrico em Fortaleza. Nos últimos 10 anos foram fechadas 16 unidades de atendimento pediátrico subsidiadas pelo Sistema Único de Saúde. Os hospitais suspenderam o convênio alegando que o SUS tem baixa remuneração para os procedimentos médicos. Com isso, as instituições públicas ficam cada vez mais lotadas.

É fato que existe má gestão; além de canalhas de toda espécie – no serviço público e no “mercado” – com coragem suficiente para condenar crianças à morte, ao cometerem as mais diversas falcatruas com o dinheiro da saúde.

Mas também precisam pôr a mão na consciência aqueles que demandaram contra a Contribuição Social da Saúde, chamada de “nova CPMF”, que cobraria 0,1% sobre a movimentação financeira de pessoas que tivessem salário ou renda acima de R$ 3.038.

No entanto, isso não pode servir de justificativa para a indigência do atendimento nas unidades de saúde sob a responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal.

Um dos casos levantados por repórteres do O POVO é de uma menina, dois anos de idade, que está na fila do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) há um ano, esperando um procedimento que não parece muito complicado: a desobstrução das vias lacrimais. A obstrução provoca corrimento constante de secreção de seus olhos.

Com a demora do atendimento, começou um processo inflamatório, o que provoca secreção purulenta e dor. Hoje, talvez seja necessária uma cirurgia para devolver-lhe a saúde dos olhos. As justificativas dos dirigentes do hospital, as mais diversas. Nenhuma delas se pode aceitar sem indignação.

Recentemente o governador Cid Gomes teve um mal-estar e foram mobilizados diversos médico do HGF para atendê-lo. Não estou sugerindo, nem de longe, que o atendimento ao governador fosse negligenciado. Mas é inaceitável que uma criança fique em situação como a descrita, por mais de um ano, junto com outras 46 que estão na mesma fila.

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