Meu artigo, publicado na edição de hoje 21/2/2013 do O POVO.
Por que perseguem Yoani Sánchez?
Plínio Bortolotti
A razão de Yoani Sánchez ser perseguida em Cuba, todos conhecem. É das poucas vozes que se atrevem a confrontar a ditadura dos Castros. Sua arma é um blog, o Generacion Y, conhecido no mundo todo. Há 20 anos ela tentava viajar para outros países, mas sempre teve o visto negado, vista como um perigo pelo governo. Finalmente, autorizada a sair da ilha, Yoani planejou uma viagem por 80 países, em alguns dos quais receberá prêmios e comendas, devido à importância de seu blog.
Escolheu vir primeiro ao Brasil. E aqui defrontou-se com fãs do governo cubano. Se fossem somente manifestações, ok, faz parte da democracia. Na chegada, Yoani saudou o protesto contra a sua presença, dizendo sonhar com o dia em que a juventude de seu país terá a mesma liberdade.
(“Vivo em um país onde opinião é traição.”)
Mas os atos foram se tornando violentos: xingam-na de “agente da CIA”, acusam-na de ser espiã dos Estados Unidos, atiram em seu rosto notas falsas de dólar. Trocando-se CIA por KGB e Estados Unidos por URSS, eram as mesmas acusações que a ditadura militar brasileira fazia aos militantes de esquerda. (Que infelicidade: como se parecem com seus algozes alguns dos antigos perseguidos.)
Quando Yoani fala, o tumulto abafa a sua apresentação com “palavras de ordem”; quando ela sorri, a turba agride. Aos gritos, conseguiram impedir a exibição do documentário Conexão Cuba-Honduras, na qual ela é uma das entrevistadas, que seria lançado em Feira de Santana (BA).
Manifestações contra Yoani são coordenados pela UJS (União da Juventude Socialista), ligada ao PCdoB, o mesmo partido que idolatra o regime da Coreia do Norte e sua corte “comunista”. Portanto, aqui no Brasil, ela é perseguida por fanáticos do autoritarismo.
O mais estranho é o silêncio de próceres da esquerda “democrática”, PT incluído, que não se manifestam contra a intolerância, tirante a exceção corajosa do senador Eduardo Suplicy, que confrontou a horda.
Eu entendo que, em situação assim, aqueles com um mínimo de dignidade, independentemente das divergências com Yoani, têm o dever moral de defendê-la.
>> Sugiro a leitura do artigo Muita onda por nada, do professor e jornalista Hamilton Octavio de Sousa, publicado no “Brasil de Fato”.
Muito Lúcida e pertinente a reflexão do jornalista Plínio Bortolotti. Compartilhei.
Pisou na bola, Plínio. Eu tenho muita dignidade e não me sinto com nenhuma obrigação moral de defender essa espertalhona. O que o PT está fazendo é absolutamente correto: ignorá-la. Se os outros manifestantes agissem da mesma forma ela passaria por aqui quase despercebida. Mas do mesmo modo que ela tem o direito de falar quem não concorda tem o direito de protestar. Quem não tem o direito de se fazer de morta é a grande mídia, que não faz nenhum questionamento a essa senhora, que tem, sim, o rabo muito preso. Você, como jornalista, não deveria ignorar isso. Repasso-lhe um link para avaliar melhhttp://www.viomundo.com.br/entrevistas/salim-lamrani-um-bate-papo-com-yoani-sanchez.htmlor a conduta dela.
Boa tarde Jornalista Plínio gostaria de sabe porque a imprensa da tanta cobertura a Yoani Sánchez será por que ela veio de Cuba, ou tem outras coisa por traz, Como ela veio ao Brasil e como vai visitar mas 79 países do mundo, como vai se financiar, pois não foi dinheiro de Cuba ou do Brasil não, essa grana vem de fora da CIA e dos Estado UNidos USA. Como poder uma mulher ter essa grana toda, pra fazer esse turismo em 80 países,(Milionária, banqueira, Agiota, Mafia e outros) será que ela é?????
Em pleno 2013 não sei como existe, ainda, este tipo de comportamento . Acho muito estranha essa corrente em defesa de ditaduras, seja de esquerda ou de direita. Suprimir a liberdade e direito a democracia é uma posição contrária ao caminho natural ao amadurecimento dos povos. Essa moça é um exemplo de luta contra o totalitarismo….nos faz lembrar dos que lutaram contra o regime militar. Muito lúcido Plínio, vc está de parabéns.
Parabéns, Plínio.
Você foi um dos únicos que ousou chamar a atenção para esse absurdo, que repete o velho comportamento extremista e intolerante dos regimes opressores.
CONCORDO PLENAMENTE COM O DIREITO DA BLOGUEIRA, MAS SERIA INTERESSANTE ELA ESCOLHER AS PESSOAS COM AS QUAIS SENTA À MESA.
ME PARECE QUE RONALDO CAIADO E MUITO MENOS, ALGUNS POLÍTICOS QUE A ACOMPANHARAM NO CONGRESSO, SEJAM EXEMPLOS A SEREM SEGUIDOS,. AFINAL DE CONTAS A UDR TEM MEMBROS CONSTANTEMENTE ENVOLVIDOS EM ASSASSINATOS DE SEM TERRA, RELIGIOSAS E OUTRAS PESSOAS QUE LUTAM POR DIREITOS HUMANOS. GOSTARIA QUE COMENTASSE.
Caro Tadeu,
Mas esse é justamente um dos grandes equívocos (para não dizer burrice) da esquerda brasileira. Eles jogaram a Yoani nos braços da direita, que posou de grande defensora da liberdade de expressão, inclusive propiciando um discurso grandiloquente do deputado Jair Bolsonaro, um dos grande defensores da ditadura militar brasileira, incluindo seus aspectos mais abjetos, como a tortura.
Agradeço a leitura e o comentário.
Plínio
Pelo amor de Deus, Plínio. Não é a esquerda brasileira que jogou essa espertalhona nos braços da direita. Ela é de direita e apoiada e financiada pelos grandes conglomerados de mídia pra fazer o que faz, inclusive como empregada. À esquerda brasileira cabe simplesmente ignorá-la, pois a visita dela é pra isso mesmo, confraternizar com a direita que a financia e posar de vítima.
Caro Luciano,
Não defendo, necessariamente, o que ela diz; defendo o direito dela dizer. A “esquerda” poderia ignorá-la, estaria no seu direito, mas não pode ou não deveria, impedi-la de se expressar.
Abraço,
Plínio
Plínio, quem é que está impedindo essa mulher de se expressar? Você acha que 8 gatos pingados que gritam num aeroporto são A ESQUERDA? Há cinco anos essa criatura ganha a vida fazendo, 24 horas por dia, exatamente aquilo que se queixa de ser impedida de fazer: se expressar. Está inclusive enriquecendo com isso. Desde que chegou ao Brasil já falou em vários lugares, até cinco vezes por dia. Não vejo esse impedimento em se expressar.
Caro Luciano,
Se você não “vê”, então ok.
Abraço,
Plínio
Caro Plínio, se você também não vê o que está por trás dessa pretensa perseguida, então ok. Eu não sou jornalista, mas você é. Então acho que fica pior pra você do que pra mim.
Abraço,
Luciano.