Está nas bancas a revista Retrato do Brasil, com chamada de capa para “Mensalão especial – como se inventou o desvio de dinheiro da Câmara dos Deputados”.
Arte
A matéria tem como título “A grande arte de Joaquim Barbosa” e subtítulo: “Como o atual presidente do Supremo Tribunal Federal armou as condenações de João Paulo Cunha e dos dirigentes da agência SMP&B por um suposto desvio de dinheiro da Câmara dos Deputados”.
Contraponto
A matéria é um contraponto à narrativa amplamente majoritária que se formou na imprensa sobre o rumoroso caso da ação penal 470, que teve o apelido de “Mensalão”.
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A reportagem se detém no caso do suposto uso do dinheiro de um contrato entre a Câmara dos Deputados e a agência de publicidade SMP&B (de Marcos Valério), que teria servido para desviar dinheiro público para o PT, sem que o serviço fosse prestado. Na época, o deputado João Paulo Cunha (um dos réus condenados) era presidente da Câmara dos Deputados. A matéria contesta a versão e mostra que emissoras de televisão, jornais e revistas receberam dinheiro por veicular publicidade oriundas do contrato.
Pesquisa
A revista Retrato do Brasil é editada pelo jornalista Raimundo Pereira, que assina a matéria. Raimundo é um jornalista respeitado pelos seus pares – à direita e à esquerda – devido à forma obsessiva como estuda os casos, objetos de suas matérias. Ele foi um dos integrantes da equipe que lançou a revista Veja, trabalhou na Isto É, Jornal da Tarde e revista Realidade. Dirigiu o Movimento, no período de maior prestígio desse jornal da imprensa alternativa dos anos 1970.
Caro Plínio,
Acabo de ler a matéria que tenta – a meu ver, por enquanto – caracterizar o mensalão como uma farsa ou um “mentirão”, conforme na própria matéria está colocado. Ainda não estou desvanecido da existencia do famigerado mensalão. Primeiro, porque a verdade dos fatos parece-me mais real. Segundo, porque matérias do naipe desta não deixam claro a intenção ou motivação de tanta dissimulação – sendo verdade os pontos colocado pela reportagem – por parte dos juízes do STF. Seria ainda “choro de viúva” de uma elite inconformada por ter perdido o poder? Não acredito nessa hipótese, até porque o modo petista de governar pouco se diferencia dos outros que já conhecemos, mesmo se abstraindo tudo que concerne a mensalão. Seria, por último, o STF – diante de fatos indeléveis que comprovam “mal-feitos” e no afã de atender uma sociedade ávida de justiça – querendo virar uma página de um livro chamado “Ah! Brasil”? Nessa eu acradito.
É isso aí…