Reprodução do artigo publicação na edição de 26/11/2015 do O POVO.

Arte: Hélio Rôla

Delcídio do Amaral e a cartilha do PT
Plínio Bortolotti

Recentemente o Partido dos Trabalhadores publicou um folheto com o título “Em defesa do PT, da verdade e da democracia”, procurando responder aos fatos que levaram vários de seus líderes à cadeia e arrastaram a sigla a um atoleiro.

A abertura, assinada pelo presidente do partido, Rui Falcão, dá o tom do que se lerá nas 30 páginas de texto: “Agora, mais que nunca, a escalada de mentiras, calúnias, factoides, distorções, manipulações sucedem-se na tentativa, cada vez mais evidente, de criminalizar o PT e – sonho sempre perseguido pelas classes dominantes – de riscar o partido do mapa brasileiro”.

O PT faz-se de vítimas das elites, mas se esquece de relacionar as próprias culpas.

O documento ataca o juiz Sérgio Moro; o ministro do STF Gilmar Mendes; o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula; e o procurador do Ministério Público Federal Deltan Dallagnoll. De fato, Moro podia ser mais discreto e os demais deveriam falar menos – e demonstrar mais imparcialidade – em respeito à função que ocupam.

Reconhecer isso, porém, é diferente de atirar no lixo toda a investigação que vem sendo feita, como quer o PT. Mesmo que 90% da Operação Lava Jato fosse desmentido, os 10% restantes seriam suficientes para configurar um escândalo.

A principal defesa do PT é dizer que os outros partidos fizeram malfeitos parecidos, acusando a imprensa de criminalizar apenas a sigla: pode ser. Porém, é uma linha equivocada, pois se o partido se mantivesse limpo, nada grave seria encontrado contra ele. É impossível acusar de bêbado a um abstêmio.

A prisão do senador Delcídio do Amaral (PT), líder do governo no Senado, é apenas mais um círculo na descida aos infernos que o partido vem experimentando, desde que negociou sua alma com o diabo para se manter no poder.

Melhor seria se a direção do PT pedisse desculpas publicamente aos brasileiros. Talvez fosse o primeiro passo para tentar sair do buraco em que se meteu.

PS. Caso alguém queira ver a cartilha do PT.

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