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Vasco Arruda

Os que buscam a felicidade nas rutilâncias magnéticas do ouro, na volubilidade espetaculosa da glória, no deslumbramento indizível do poder, nas iníquas mundanidades corruptoras, se frustram e se decepcionam. O homem sábio demanda o prazer que não desfalece, que transfigura, que imaterializa, que deifica o homem – o prazer intelectual, o prazer de descobrir verdades novas no domínio da ciência, das letras e das artes, o prazer de dar à sua razão privilegiada a maior soma possível de luz criadora. Como não somos uma corporação de sábios, devemos procurar ser uma bela agremiação de estudiosos a ver nas manifestações da inteligência, nas criações literárias, nas formulações poéticas, a mais sublime conquista do espírito humano.
Seridião Correia Montenegro
[Discurso de posse como Presidente da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza]

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Vasco Arruda

E ao permanecerem ele, Frei Masseu, Frei Elias e alguns outros num lugar deserto, e estando num certo dia São Francisco no bosque para rezar, seus companheiros, que o tinham em grande reverência, temiam impedir de algum modo a oração dele, por causa das maravilhas que Deus lhe fazia nas orações.
Atos do Bem-aventurado Francisco e de seus companheiros
[Atos do Bem-aventurado Francisco e de seus companheiros, p. 1124. Em: Fontes Franciscanas e Clarianas. Apresentação Sergio M. Dal Moro; tradução Celso Márcio Teixeira… [et. al.]. 2ª. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.]

Vasco Arruda

De fato há coisas estranhas na vida que não se explicam facilmente. É por isso que insisto em crer. Parece que a fé tem um poder de mobilização muito grande. William James o disse muito bem quando afirmou durante uma conferência dirigida aos grêmios filosóficos da Universidade de Yale e Brown University, que seria posteriormente publicada: “Sua fé atua sobre os poderes acima dele como uma afirmação e cria sua própria realização” (James, Willliam. A vontade de crer. Tradução de Cecília Camargo Bartalotti. – São Paulo: Loyola, 2011, p. 40). Pouco adiante, completa o psicólogo americano no mesmo texto: “…a fé num fato pode ajudar a criar o fato…” (p. 41).

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Vasco Arruda

Para o cristão, Jesus Cristo é o pleno comunicador do Pai. Sua comunicação do Pai assumia ares de autoridade, pois falava a partir de uma profunda experiência de conhecimento de Deus. O próprio Jesus diz isso a Felipe: “quem me vê, vê o Pai”. Em Jesus Cristo, o próprio Deus vem ao encontro do ser humano, revelando-se a ele numa ação carregada de carinho e compreensão. Ao mesmo tempo, ao revelar-se em Jesus, Deus também revelava ao homem a identidade mais profunda do ser humano, feito à imagem e semelhança Dele.
Entretanto, ao assumir um corpo para comunicar-se com os homens na sua própria história, Jesus Cristo aceitava as ambiguidades que compõem a condição humana. Podemos dizer que em Jesus se sintetizam os elementos fundamentais da comunicação humana: emissor, mensagem e receptor. Enquanto emissor, ele transmite aquilo que ouviu do Pai, anunciando a chegada do Reino de Deus. Ao mesmo tempo, ele é a mensagem de vida e salvação para o mundo. É ele o Caminho, a Verdade e a Vida. Ao mesmo tempo, ele só fala do que conhece e do que viu e recebeu do Pai. Como só faz a vontade do Pai, ele é o exemplo da pessoa aberta à mensagem transmitida. Como sabe adaptar a mensagem às circunstâncias das pessoas com quem fala, também relativiza as normas de acordo com as necessidades. Desse modo, a circularidade comunicacional, desejada para a superação da verticalidade do processo, realiza-se plenamente em Jesus Cristo. Modelo de comunicador, ele comunga profundamente com aqueles com os quais interage.
Pedro Gilberto Gomes
[Gomes, Pedro Gilberto. O Jesus da Comunicação e a Comunicação de Jesus. In: Aquino, Marcelo Fernandes de (organização de). Jesus de Nazaré, profeta da liberdade e da esperança. – São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1999, p. 322.]

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Vasco Arruda

Ao escutar pela primeira vez um refrão meditativo que dizia: “Maria, coloca-me com o teu Jesus”, comecei a meditar sobre o papel de Nossa Senhora na vida de Jesus e em nossa oração. O seu papel na obra da redenção nos é claro. Ela acolheu no seu ventre o Verbo de Deus, o Cristo Jesus. Dele cuidou e amou-o. Esteve junto a ele nas diversas etapas da vida: do presépio à ascensão, sofrendo, sobretudo, com a sua morte dramática na cruz e com a solidão do Sábado Santo. Nem o maior e melhor dos discípulos, em todos os tempos, jamais conseguiu viver de forma tão intensa e singular o que Maria viveu e experimentou de Belém a Jerusalém, caminhando ao lado de Jesus. Maria, como ninguém na história da Salvação, consentiu em deixar Deus entrar, morar e agir em sua vida.
José Carlos Ferreira da Silva
[Silva, José Carlos Ferreira da. – 1ª. ed. – São Paulo: Paulinas, 2009,p. 7. – (Coleçao vida cristã)]