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15. Caminhos do Sagrado

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Vasco Arruda

O ser privado de razão e de liberdade cumpre infalivelmente o destino que Deus lhe marcou. Só o homem recebeu de Deus o maravilhoso e assustador privilégio de alcançar o seu fim pela livre escolha da sua vontade. Semelhante a Deus, ele tem o conhecimento do bem e do mal. Sabe que a sua razão lhe foi dada para conhecer a Verdade e a sua vontade para aderir ao Bem soberano. Se se conformar com esta disposição divina, abandonando-se ao querer de Deus, restituir-lhe-á por um ato espontâneo do coração o ser que dEle recebeu e alcançará o fim para o qual foi criado.
Dar-se a Deus conforme o plano por Ele mesmo estabelecido é, pois, o fim do homem, é a primeira e a última das suas obrigações, aquela que abrange todas as outras.
Joseph Schrijvers
[Schrijvers , Joseph. O dom de si: vida de abandono em Deus. Tradução Sérgio Ferreira Lima. – São Paulo: Quadrante, 1996, p. 10].

Vasco Arruda

Alegra-se a santa mãe Igreja, porque, por singular dom da Providência divina, amanheceu o dia tão ansiosamente esperado em que solenemente se inaugura o Concílio Ecumênico Vaticano II, aqui, junto do túmulo de São Pedro, com a proteção da Santíssima Virgem, de quem celebramos hoje a dignidade de Mãe de Deus.
Para João XXIII
[11 de outubro de 1962: Discurso do Papa João XXIII na abertura solene do Concílio. Em: Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) / [organização geral Lourenço Costa; tradução Tipografia Poliglota Vaticana]. – São Paulo: Paulus, 1997. – (Documentos da Igreja), p. 21.]

Vasco Arruda

Daqui por diante, é um novo livro, isto é, uma vida nova. A que levei até aqui era minha; a que passei a viver depois que comecei a falar dessas coisas de oração é a que Deus vive em mim. Porque entendo que era impossível sair por mim mesma em tão pouco tempo de costumes e ações tão maus. Louvado seja o Senhor, que me livrou de mim mesma.
Santa Teresa d`Ávila
[Livro da Vida, Cap. 23, p. 149. Em: Teresa de Jesus. Obras Completas. Texto estabelecido por Fr. Tomas Alvarez, O.C.D. Direção Pe. Gabriel C. Galache, SJ. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e outros. – São Paulo: Edições Carmelitanas: Edições Loyola, 1995.]

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Vasco Arruda

Se a mim vos chegais, ó Senhor, como posso duvidar que serei capaz de prestar-vos muitos serviços? Se assim é, de hoje em diante, Senhor, quero esquecer-me de mim, e olhar só em que vos poderei servir, e não ter outra vontade senão a vossa. Mas não tem eficácia o meu querer: vós sois o poderoso, Deus meu! O que está em minhas mãos, que é determinar-me a agir, desde este momento o faço, disposta a por mãos à obra.
Santa Teresa d´Ávila
[Santa Teresa d´Ávila. Conceitos do amor de Deus, 4,11. Citado em: Gabriel de Sta. Mª Madalena, O.C.D. Intimidade Divina. – 5ª. ed. – Revisão: Silvana Cobucci e Paulo César de Oliveira. São Paulo: Loyola, 2010, p. 508.]

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Vasco Arruda

Jorge [Georgious] vem de geos, que quer dizer “terra”, e de orge, “cultivar”, de forma que o nome significa “cultivando a terra”, isto é, sua carne. No seu livro Sobre a Trindade, Agostinho afirma que a boa terra pode estar tanto no alto das montanhas como nas encostas temperadas das colinas ou nas planícies. O primeiro tipo convém ao pasto, o segundo às vinhas, o terceiro aos cereais. De forma semelhante, o beato Jorge foi como a terra temperada devido à descrição do vinho da eterna alegria, foi como a terra plana pela humildade que produz frutos de boas obras. Jorge também pode vir de gerar, “sagrado”, e de gyon, “areia”, significando portanto “areia sagrada”. De fato, da mesma forma que a areia, Jorge foi pesado pela gravidade dos costumes, miúdo por sua humildade, seco pela isenção de volúpia carnal. O nome pode ainda derivar de gerar, “sagrado”, e gyon, “luta”, significando “lutador sagrado” porque lutou contra o dragão e contra o carrasco. Jorge ainda pode resultar de gero, que quer dizer “peregrino”, de gir, “cortado”, e de ys, “conselheiro”, porque foi peregrino em seu desprezo pelo mundo, cortado em seu martírio e conselheiro na prédica do reino de Deus.
Jacopo de Varazze
[de Varazze, Jacopo, Arcebispo de Gênova, ca., 1229-1298. Legenda áurea: vidas de santos. Tradução do latim, apresentação, notas e seleção iconográfica Hilário Franco Júnior. – São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 365.]

Vasco Arruda

Nada roubemos ao espírito humano; suprimir não é bom. É preciso reformar, transformar. Algumas faculdades do homem são dirigidas para o Desconhecido: o pensamento, o sonho, a oração. O Desconhecido é um oceano. Que é a consciência? É a bússola do Desconhecido. O pensamento, o sonho, a oração são os seus resplendores misteriosos. Respeitemo-los. Para onde se dirigem essas irradiações majestosas da alma? Para a sombra, isto é, para a luz.
Victor Hugo
[Hugo, Victor. Os miseráveis. 3ª. ed., 1ª reimpressão, 2011. – Tradução e notas: Frederico Ozanam Pessoa de Barros; apresentação Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Cosac Naify, 2002, p. 468.]

Vasco Arruda

Às vezes, o retardamento em atender às preces é uma prova a que Deus nos submete. Mas Ele afinal se apresenta, assumindo a forma adorada pelo devoto persistente. Um cristão devoto contempla Jesus; um hindu vê Krishna ou a deusa Káli; ou então, uma Luz que se expande, se a adoração assume forma impessoal.
Paramahansa Yogananda
[Yogananda, Paramahansa. Autobiografia de um Iogue. Tradução de Adelaide Petters Lessa. – São Paulo: Summus, 1981, p. 204.]

Vasco Arruda

Uma característica atribuída ao povo brasileiro é a tolerância religiosa. O caldeirão de culturas que formou o País teria propiciado a convivência harmônica entre os diferentes credos, ao contrário de outras nações onde violentas disputas derramam sangue inocente. Na prática, porém, a realidade é outra. Seguidores das religiões afro-brasileiras sempre conviveram com a desconfiança alheia. Nos últimos tempos, há indícios de que a situação se agravou. Somente no Rio de Janeiro, são contabilizados, por ano, quase 100 casos de agressões morais ou físicas envolvendo intolerância religiosa em relação aos praticantes de umbanda e candomblé.
Juliana Dal Piva e Michel Alecrim
[Juliana Dal Piva e Michel Alecrim. O avanço da rivalidade religiosa, p. 75. Em: Revista Isto É, 9 NOV/2011, Ano 35, Nº 2191. São Paulo: Editora Três.]