José Beniste
[Beniste, José. Dicionário yorubá-português. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011, p. 7.]
Adquiri, há alguns dias, o excelente “Dicionário yorubá-português”, de José Beniste. Conforme a informação posta na contracapa da obra, “O yorubá é uma língua viva, falada na Nigéria, no Sul da República do Benin, nas repúblicas do Togo e de Gana. Aqui no Brasil conseguiu ser mantido de forma expressiva, por meio da liturgia dos candomblés procedentes daquelas regiões, tornando-se um dos depositários mais fiéis dessa tradição.
Lendo as “Orientações básicas sobre o idioma yorubá” tem-se acesso a algumas curiosidades acerca desse idioma, dentre as quais destaco as seguintes:
– todas as palavras terminam com uma vogal simples ou vogal nasal;
– não existem letras mudas, todas elas devem ser pronunciadas e acentuadas na última sílaba (oxítonas);
– não há dois sons para uma mesma letra. Todas têm um som único e devem ser lidas da forma como estão escritas;
– todos os verbos começam com uma consoante, quase todos os substantivos com uma vogal, e ambos têm duas ou mais sílabas;
– como os verbos não se alteram nas conjugações, não há desinências verbais para indicar a pessoa ou o número gramatical. Assim, todos os verbos yorubás devem ser antecedidos pelo sujeito da oração;
– os verbos que revelam ação, sem indicação de tempo, devem ser lidos no tempo passado, e os verbos neutros, no presente ou passado, de acordo com o assunto. Para dar ênfase a uma ação realizada, usa-se a partícula ti antes do verbo (p. 23).
O “Dicionário yorubá-português” contém mais de 18.000 verbetes, explicações claras das palavras fundamentais, categoria gramatical das palavras para orientação na formação de frases, regras gramaticais, uma seção com introdução básica ao aprendizado e à pronúncia do idioma yorubá e orientações básicas sobre a estrutura do idioma.
Além de ter escrito a obra aqui comentada, José Beniste é conferencista e autor de ensaios sobre os diversos cultos de raízes africanas. Foi iniciado no Candomblé Ketu em 1984. É historiador, pesquisador e integrante de movimentos que visam a restauração da dignidade religiosa afro-brasileira, além de possuir uma vasta documentação sobre a história do candomblé no Brasil e demais segmentos religiosos.
Seguramente o “Dicionário yorubá-português” está fadado a se tornar uma obra de referência para tantos que, assim como eu, são pesquisadores e admiradores das religiões afro-brasileiras.