O teólogo marista Afonso Murad, no primeiro capítulo do livro “Maria, toda de Deus e tão humana: Compêndio de mariologia”, afirma: “Maria é uma figura importante no imaginário católico. Predomina o perfil da santa poderosa e bondosa, a mãe do céu, mas este não é o único. O estudo sobre Maria, que chamamos marialogia ou mariologia, visa a ajudar os cristãos a descobrir outras dimensões da pessoa de Maria, especialmente a partir da Bíblia. Realiza uma reflexão teológica articulada com vários temas, como a Trindade, o culto cristão, a Igreja e a antropologia. Nesse espírito de humanidade e diálogo com o mundo faz-se uma marialagia que supere os equívocos do maximalismo e estimule o seguimento a Jesus, com Maria e inspirado nela” (p. 30).

Essa semana o autor esteve em Fortaleza. Veio atendendo a convite formulado pela Arquidiocese. Nas palestras realizadas no seminário da Prainha, em dois dias consecutivos, o teólogo abordou os temas: “Maria, peregrina na fé”; “Maria, a Mãe de Jesus – Um tema fascinante e polêmico”; e “Maria, toda de Deus e tão humana”.  O evento deu início ao Ano Mariano, proclamado pela CNBB como celebração aos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

O fato motivador é bem conhecido. Em 1717, três pescadores da Vila de Guaratinguetá, Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, saíram para pescar no Rio Paraíba do Sul. Ao entrarem no barco não tinham, certamente, noção do importante episódio que estavam prestes a protagonizar. Durante a pescaria, a certa altura, João Alves, ao recolher a rede de pesca, percebeu que, ao invés de peixe, “pescara” o corpo de uma imagem sem cabeça. Faz uma segunda tentativa e, desta feita, sobe a tona a cabeça da imagem. Estava iniciada a saga daquela que seria, anos depois, declarada padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, ou, como é  mais comumente chamada, Nossa Senhora Aparecida.

Ao longo de três séculos, a figura de Nossa Senhora Aparecida consolidou-se e ganhou um lugar central no coração e no imaginário de uma grande quantidade de católicos em nosso país. Prova disso é o número estarrecedor de fieis que acorrem anualmente ao seu santuário na cidade de Aparecida, no estado de São Paulo. O santuário abriga, também, em suas instalações, a Academia Marial de Aparecida AMA, fundada em 1985 e dedicada exclusivamente ao estudo da mariologia. A AMA conta com uma vasta biblioteca aberta a estudiosos e pesquisadores.

Em virtude dos diversos eventos programados para este ano, 2017 desponta como uma ocasião especialmente propícia a quantos queiram se iniciar ou se aprofundar no estudo desse tema quase inesgotável, conforme a conclamação de Afonso Murad ao iniciar sua palestra quinta-feira com as seguintes palavras: “Este ano mariano está sendo dedicado para a gente conhecer mais a Mãe de Jesus”.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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