Começar pela solução é como fazer uma chave ainda sem saber que porta ela deverá abrir. Você pode tentar testar essa chave em muitas portas ou – se você ler o nosso blog o suficiente – você pode começar pensando em qual porta você deseja abrir. Quando você ama o problema e não sua solução, você passa a fazer chaves para portas que realmente te levam a algum lugar. Aproveitando a deixa, que tal vir abrir algumas portas com a gente aqui na Casa Azul? Fica o convite, estamos sempre de portas abertas (rs) ao público! 😉

 

Eu estive conversando com um amigo algumas semanas atrás e ele me contava sobre sua ideia de usar um aplicativo para resolver um problema de logística em particular. Ele estava tão preocupado em encaixar um app na ideia de solução, que ele não conseguia enxergar que, no fundo, essa não era uma boa ideia.

Aí que eu percebi: ele já estava apaixonado pela solução – em outras palavras, pelo aplicativo idealizado – e precisava de alguma forma coloca-lo no seu plano de negócio. O desafio em se apaixonar por soluções é que, toda vez que você olha para os problemas dos clientes, você só consegue dar atenção aqueles que são resolvidos pelas soluções que você já ama. Se você para pra pensar, isso é um tanto quanto debilitante para a resolução de qualquer problema.

Foi então que – prevendo todo o bloqueio que ele iria impor a minha opinião a ser colocada – eu cuidadosamente lhe explanei: “você já se apaixonou pelo seu aplicativo idealizado, quando na verdade você deveria estar apaixonado pelo problema que você quer resolver”.

O que eu queria dizer era que ele precisava saber tudo sobre o problema a ser resolvido antes de pular diretamente para a idealização da solução. A razão é simples: quando nós entendemos o problema de nossos potenciais clientes de maneira profunda – e dominamos todos aspectos desse problema – nós conseguimos visualizar coisas que antes não nos pareciam tão obvias, isto é, temos insights que fogem da obviedade racional na solução de um problema qualquer. Ao remover as lentes de soluções que gostamos ou queremos implementar em algum ponto em nosso negócio, nós somos capazes de resolver os problemas de pessoas reais de maneira mais eficiente – e há quem diga que até mesmo de forma mais elegante.

Minha recomendação foi para que ele abdicasse da utilização do aplicativo enquanto o problema a ser resolvido não fosse claramente identificado. Eu então o desafiei a percorrer o problema com papel e caneta primeiro, indo a campo para entender os nuances e semelhanças do problema para então, em seguida, desenhar uma solução que mantivesse o custo total do negócio baixo, facilitando assim sua implementação e escala. Ele não conseguiria nada isso tendo como ponto de partida o desenvolvimento custoso de um aplicativo e – quando ele internalizou minha crítica – foi então que finalmente a figurativa lâmpada da ideia de fato acendeu na sua cabeça.

Como uma startup, você deve:

  1. Conhecer o problema até ao avesso antes de se aproximar de algum nicho de mercado
  2. Ser consistente na resolução desse problema
  3. Saber, no mínimo, o que os clientes precisam e querem

Esses três pontos devem nortear suas decisões de marketing, e nenhuma estratégia deve ser executada antes de ser aprovada em algum tipo de teste ou pesquisa com seus clientes. O motivo de os consumidores procurarem sua startup quando estiverem com um problema é porque eles estão com alguma dificuldade e precisam da sua ajuda. Portanto, você deve identificar esse problema, entender como seu negócio o resolve, ama-lo e resolve-lo ao apresentar uma nova alternativa para o consumidor.

Também é importante saber quem mais já resolve – ou tenta resolver – esse problema, isso é, seus concorrentes. Eles falharam? Ou tiveram sucesso? O que você pode aprender com suas experiências? Separe um tempo para estudar o seu mercado, nesse momento é mais importante até aprender com os que falharam – quem, como e porquê – do que com os que estão tendo sucesso, podemos olhar para esses em uma oportunidade mais à frente.

Startups são usualmente avaliadas pelas lentes de como as pessoas usarão seu produto ou serviço para tomarem decisões, melhorarem sua qualidade de vida ou ajuda-las a evoluir – seja de um ponto de vista relacional, espiritual, financeiro, físico, etc. Mais do que isso você deve se perguntar: como minha startup muda um comportamento? Este é um ponto muito relevante nos dias de hoje e investidores gostam de startups que tenham um foco claro.

Como empreendedor, você deve saber sob qual motivação existente no mundo você vai se capitalizar. Foque onde você sente-se útil e acredita que pode fazer a diferença ao abraçar completamente um certo problema. Mais do que uma boa solução sua startup deve fazer sentido para alguém, seja uma pessoa ou negócio.

Eu acredito fielmente que se você nunca perder a vista do seu problema, suas chances são muito maiores de encontrar uma solução de sucesso. Entretanto, não esqueça da sua motivação! Uma startup é uma oportunidade para qualquer empreendedor, e cada um a tem na ponta dos dedos. Faça a diferença, faça acontecer. Até mesmo aqui, na Casa Azul, que lidamos com faturamento todos os dias, temos certeza que sucesso não é sobre dinheiro, mas na verdade sobre continuamente melhorar quem somos, como vivemos, como servimos e como nos relacionamos – a tecnologia é apenas um ótimo caminho para fazer tudo isso.

About the Author

Cássio Menezes

Cássio é formado em Engenharia de Produção pela UFC. Arte é sua forma preferida de fugir da realidade, principalmente quando se trata de música. Cearense de corpo, alma e time. Apaixonado por Fortaleza (só a cidade!) mas cidadão do mundo. Esta sempre com a cabeça em uma de suas ideias e na sua próxima viagem.

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