Foto: Divulgação

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Considerado um dos maiores nomes do Heavy Metal brasileiro e até mundial, o Angra retorna a Fortaleza no dia 29 de maio apresentando o novo álbum do grupo, “Secret Garden“, que é o primeiro lançamento da banda em quatro anos e marca as estréias de Bruno Valverde, na bateria, e do conceituado vocalista italiano Fabio Lione.

Além dos estreantes, o Angra ainda tem o guitarrista Rafael Bittencourt, que também assume papel importante como vocalista em várias canções do novo disco, Kiko Loureiro, que acaba de ser anunciado como novo guitarrista do consagrado grupo de Thrash Metal Megadeth, e o baixista Felipe Andreoli, que conversou com exclusividade com o Ceará & Rock.

Num logo papo, o baixista falou de sua trajetória junto ao grupo, das várias mudanças na formação, de como a música entrou em sua vida, influências, sobre o novo disco e, com respostas bem incisivas, comentou as polêmicas declarações do baterista Aquiles Priester e também as do editor da revista Billboard no País, José Flávio Júnior.

Ceará & Rock: Você tá completando 14 anos de Angra em 2015, qual foi o pior e o melhor momento nesses anos?

Felipe Andreoli: Os piores momentos são aqueles de incerteza, onde o futuro fica nebuloso. Uma banda de quase 24 anos de existência passa por momentos assim, são parte do processo. Os melhores momentos nós vivemos compartilhando a música com as pessoas que admiram, acompanham e apoiam nosso trabalho ao redor do mundo.

C&R: Seu álbum de estréia na banda foi “Rebirth”, ali surgia um novo Angra, você pode dizer qual a importância desse disco na sua carreira?

FA: É um marco na minha carreira, porque foi ali que, de uma vez por todas, eu me tornei músico profissional em tempo integral. Ter participado de todo o processo de composição, gravação, conhecer toda a parte burocrática que envolve cada trabalho de uma banda, isso tudo me fez crescer muito como profissional. Musicalmente, acho que acertamos na mosca em trazer aquilo que foi o melhor de dois mundos na carreira da banda, especialmente vindo de uma situação tão adversa.

C&R: Falando de mudanças, o Angra passou por algumas durante esses mais de 20 anos de histórias, não apenas na formação, mas também na características das canções. Desde que você entrou, quais as mudanças mais significativas na formação do grupo e na música de vocês?

FA: Certamente a saída do Edu foi a mais marcante de todas. Ele era um dos principais compositores do grupo, e tinha a cara do Angra. Ao mesmo tempo, acho que a mudança foi saudável pra ambos os lados, e olhando em retrospecto acho que foi realmente a decisão mais acertada. Musicalmente a evolução é fruto de um processo natural; ao passo que evoluímos como músicos e seres humanos, as composições tendem a deixar transparecer essas mudanças. Cada disco é um retrato daquele momento, e o novo disco reflete a harmonia em que a banda se encontra nesse momento.

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C&R: Esse é seu quinto álbum junto ao Angra, gostaria que você me falasse sobre cada um deles e dissesse qual foi mais marcante pra você e qual você considera a obra prima do grupo?

FA: No Rebirth era tudo muito novo pra mim, desde o estilo do Angra até todo o ambiente da banda. Já no Temple of Shadows, a banda vinha de uma tour muito bem sucedida, e embora estivéssemos bem desgastados, tínhamos muita segurança pra arriscar. A liberdade pra compor que o sucesso do Rebirth nos trouxe foi fundamental pra que pudéssemos experimentar mais. Já no Aurora Consurgens, o desgaste atingiu seu ponto máximo, e obviamente o disco não atingiu todo seu potencial. Gosto do disco e acho que tem excelentes momentos, mas ele poderia ter sido melhor se tivesse sido trabalhado com mais cuidado. No Aqua, a banda tinha muita motivação, mas a organização interna não estava funcionando muito bem. Desta forma a banda não tinha o suporte necessário pra realizar somente as atividades musicais, e nós cuidávamos de tudo: parte burocrática, gravadora, contas, etc. O resultado acabou ficando, mais uma vez, prejudicado, embora eu goste muito das composições. Já neste novo disco, Secret Garden, juntou-se a fome com a vontade de comer. A banda se encontra em um excelente momento internamente, agora nós temos uma estrutura que nos permite concentrar na música, e a adição do Fabio Lione e do Bruno Valverde nos trouxe muito mais gás. O resultado pra mim fala por si, acho um dos melhores discos da banda.

C&R: E o novo álbum, o que os fãs podem esperar dele? Ele tem algumas participações bem especiais, pode nos falar delas?

FA: O Secret Garden é um disco variado, que traz os elementos clássicos do Angra, mas também muitas novidades. Acho que um grande mérito da banda é não ter medo de arriscar, e neste disco experimentamos bastante. As participações trouxeram ainda mais brilho às músicas, e servem a um propósito bem claro, que é o de contar a história do disco.

C&R: Sobre o Fábio Lione, como vocês chegaram a ele? Lione é o vocalista oficial/fixo da banda?

FA: O Fabio sempre foi muito próximo da banda, sempre aparecia pra prestigiar nossos shows. No passado ele já tinha sido citado como um vocalista que a banda gostaria de experimentar. Em 2013 a banda foi convidada pra tocar no cruzeiro 70.000 Tons of Metal, mas estávamos sem vocalista. Então o organizador do evento, por coincidência, sugeriu o Fabio. A voz dele nas músicas do Angra funcionou além de nossas expectativas, e ele é uma pessoa fantástica. Com isso mais promotores se interessaram pelo pacote, e percebemos que era a escolha certa mantê-lo na banda.

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C&R: No Angra, você trabalhou com algumas figuras que já deixaram a banda, como Edu falaschi, Aquiles Priester e Ricardo Confessori. Gostaria que você falasse sobre o tempo em que trabalhou com esses três, sobre a saída de cada um deles e se ainda mantem relação com eles.

FA: Cada músico que passa pela minha vida deixa sua marca. As relações dentro do Angra são muito intensas, e isso pode ser bom e ruim às vezes. O importante é saber aprender com os erros do passado e virar a página, por isso prefiro lembrar das coisas boas que passamos juntos.

C&R: Agora gostaria de falar um pouco sobre sua carreira. Com quantos anos começou a tocar, quais suas principais influências no começo da carreira e as de hoje?

FA: Comecei aos 13 anos, meio por acaso. Minhas influências são muitas, mas meu primeiro bass hero foi o Cliff Burton. Hoje ouço muito baixistas como Richard Bona, Alain Caron, John Patitucci, etc. Gosto muito de jazz/fusion.

C&R: Sobre seus projetos, você chegou a tocar com Paul DiAnno, KARMA, Almah, 4ACTION e tem o projeto do Kiko Loureiro, em que você e o Bruno fazem parte. Pode nos falar sobre cada um desses projetos?

FA: Os que estão rolando no momento são o 4Action, que gravou um DVD em San Francisco em 2013, e o trio do Kiko, que faz shows esporadicamente. Todos os outros ou estão extintos ou hibernando. Hoje em dia procuro me focar em menos atividades, e fazê-las melhor.

C&R: Como é ser considerado um dos 10 melhores baixistas do mundo?

FA: Essas votações não medem qualidade, na minha opinião, e sim o quão querido o artista é. Em duas ocasiões estive entre os 10 do mundo no Japão, e fico muito feliz com isso. Significa que o trabalho que realizei tocou as pessoas de uma forma positiva. Mas eu não me envaideço com esses prêmios, pois sei que são mais uma medida de popularidade do que de talento.

C&R: Hoje há vários baixistas talentosos no Brasil. Qual você destacaria na atualidade?

FA: Difícil destacar um só. Talvez pela idade, o Michel Pipoquinha seja o que mais me chama atenção. Mas existe um safra de novos baixistas muito bons, além daqueles velhos conhecidos, que tornam o Brasil um país farto de bons baixistas.

C&R: O que você diria para um garoto que está começando agora, a tocar baixo, que quer ser igual ao seu ídolo, Felipe Andreoli?

FA: O mais importante, além da dedicação ao instrumento, é construir relações saudáveis e duradouras. Música é algo que não se faz sozinho, portanto é fundamental sair do quarto e dar a cara pra bater em cima do palco. É ali que a verdadeira mágica acontece.

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Serviço – Angra
Onde: Siará Hall
Quando: 29 de maio, a partir das 21 horas
Ingressos: R$ 67,00 (pista) – R$ 82,00 (Front Stage) – Preços de meia entrada e primeiro lote
Pontos de vendas: Clikks Eyewear (Shopping Parangaba, Shopping Via Sul, Shopping Benfica e North Shopping), Loja Parada do Rock (Galeria Pedro Jorge) e Ingressando.
Realização: Empire e Backout Discos

Confira vídeos do Angra:

Angra – Final Light

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=yp1vXOiKVgk[/youtube]

Angra – Storm Of Emotions

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=bSnZ4bFpM_o[/youtube]

Angra – Stand Away ft. Tarja Turunen

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=JFJkCdOUEQg[/youtube]

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Ronnald Casemiro

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